Fulton foi apanhado a vender droga. É negro. Foi condenado a prisão perpétua. Acontece na América.
Os Estados Unidos da América batem todos os records de população encarcerada. A dureza do código penal não diminui a criminalidade. Só condenados a prisão perpétua são mais de 17 mil americanos, a maioria por crimes relacionados com droga. Fulton era um deles, até ter beneficiado de um perdão presidencial.
A filha de Fulton tinha 2 anos quando o pai foi condenado. Vinte anos depois, perante a iniquidade da pena aplicada ao pai, escreveu uma carta a pedir clemência a Barack Obama. E foi o que aconteceu.

O que faz esta história diferente é que, apesar de ter estado 21 anos numa cela, sem esperança de voltar a ser livre, Fulton nunca se sentiu encarcerado. Por impulso, começou a pintar. E o espírito viajou livremente pelas montanhas da criatividade. Pintou o que via e o que sabia serem os sonhos e os anseios dos outros que o rodeavam. Afinal, não seriam tão diferentes dos seus próprios demónios.


Os quadros de Fulton saíram com ele da cadeia. Foram juntos para casa e hoje servem de tema para conferências sobre o sistema prisional.

O antigo prisioneiro continua a pintar. A vocação descoberta na cadeia continua a ser alimento para a alma. Os que se vendem, contribuem para o sustento de um homem de 63 anos que não tem qualquer hipótese de encontrar um trabalho com salário digno.

Os quadros de hoje têm sorrisos. Os de ontem mostram solidão, desesperança, saudade, sonhos, memórias.

Fulton tem um site onde mostra o trabalho que produz, onde podemos comprar algum quadro e contribuir para os dias que continuam a ser de luta por justiça. O endereço do site é artbywash.com – um nome que recorda a alcunha de Fulton na cadeia, “Mr. Wash”.
