Aparentemente fartos de regras ambientais, na verdade submetidos às necessidades da indústria, um grupo de países membros da União Europeia tomaram posição contra a aplicação da chamada norma Euro 7, a diretiva que impunha sérias restrições às emissões de carbono nos automóveis. Em junho disseram não, demorou pouco a fazerem-lhes a vontade.
A reboque dos interesses da indústria, a Euro 7 vai ser reescrita, acaba de ser anunciado. A nova orientação destina-se a atenuar os custos de produção dos automóveis, o que não significa que eles venham a ficar mais baratos. Significa apenas que vão continuar a poluir mais ou menos o mesmo. Garantido fica, também, o lucro financeiro.
Estamos a assistir a contradições em série, não só de decisões da UE, mas também face aos apelos da ONU para que políticas ambientalistas sejam adotadas com urgência, para minimizar prejuízos decorrentes das alterações climáticas. Em simultâneo, as principais marcas de automóveis garantem que dentro de seis ou sete anos só irão vender veículos elétricos no mercado europeu. É um quadro de mensagens confusas.
A descarbonização do setor automóvel era um dos pilares dessas políticas ambientalistas, mas depois da França e da Itália terem recusado a norma Euro 7, afirmando que são demasiado ambiciosos e irrealistas para os fabricantes de automóveis, a definição dos limites de emissão de gases de escape a partir de 2035 ficou relegada para as calendas gregas.
Para renegociar esta questão, a Espanha, que detém a presidência rotativa da União Europeia, apresentou um texto de compromisso que teve a concordância do Conselho da União Europeia e o grupo de ministros da UE. O Conselho, o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia irão agora negociar um acordo final sobre os novos regulamentos. A coisa caiu no mundo dos burocratas, fazedores de labirintos onde os cidadãos demoram a perceber que estão perdidos.