Um dos adoçantes artificiais mais utilizados pela indústria alimentar é cancerígeno. A Agência Internacional de Pesquisa sobre Cancro (IARC) acaba de anunciar que vai classificar o aspartame como produto que pode provocar cancro. O aspartame é utilizado na fabricação de muitos refrigerantes artificais, nomeadamente a Coca-Cola dieta, pastilhas elástica “sem açúcar” e na confeção de bolos.
O IARC é um organismo do universo da Organização Mundial de Saúde (OMS), mas esta decisão não está isenta de controvérsia. Por exemplo, os fabricantes de refrigerantes dizem que o aspartame será perigoso para a saúde se alguém beber mais de doze latas de refrigerante dieta, todos os dias, ao longo de muito tempo.
Depois de décadas de publicidade na promoção de refrigerantes “sem açúcar”, agora dizem-nos que afinal mais vale beber outra coisa.
Adivinhamos uma discussão pública inconclusiva, à semelhança do que se passa, por exemplo, com o glifosato, um químico utilizado em herbicidas e inseticidas agrícolas. Os cientistas dizem que o glifosato é “provavelmente cancerígeno”. Mas a indústria diz que não. E o glifosato continua a ser utilizado em larga escala.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a empresa química Bayer perdeu já vários recursos de decisões judiciais que a obrigam a pagar indemnizações a utilizadores de herbicidas com glifosato e que contraíram cancro.
Há outros exemplos de discussões onde as indústrias insistem em produzir, mesmo sob suspeita de perigo para a saúde pública, como são os casos, por exemplo, da carne processada (chouriços, salsichas, etc) ou do amianto muito utilizado, ainda, na construção civil.
O problema está na dificuldade em apresentar provas irrefutáveis sobre a perigosidade desses elementos químicos. Estamos a falar de investigações que levarão décadas a compilar dados que, só depois, poderão ser avaliados. Por isso, em vez de conclusões assertivas temos declarações sinuosas, onde as palavras “podem”, “talvez”, “provavelmente”, deixam espaço para a incerteza.
Na dúvida, a Pepsi abandonou o aspartame da receita da sua cola dieta, mas para já apenas nos Estados Unidos.
Fontes: Reuters, LiveScience