Sir David Attenborough levou décadas a calcorrear o mundo, a falar com todos seres vivos da Terra, depois de observar o seu comportamento.
Com ele aprendemos que a delicadeza, o cuidado com a fragilidade de uns, ou o respeito pela superioridade de outros, conduz a padrões de serenidade aceitável para uma convivência pacífica entre as diferentes espécies.
Tantas gerações o viram, ouviram, aprenderam com ele que temos que estudar-nos, respeitar as diferenças e o espaço a que temos direito, para haver harmonia. Desde 2006 e ainda hoje à beira dos 97 anos, não desiste da esperança de ver reduzido o aquecimento global, o bom-senso prevalecer sobre o caos climático, o futuro da humanidade ficar garantido. É comovente ver que não abdica dessa convicção.
A muito jovem Greta Thunberg foi zurzida com recriminações e ironia quando, em 2018, apareceu com o seu ar de adolescente insegura, a lembrar que era preciso salvar o planeta. Havia nas suas palavras uma acusação implícita aos líderes mundiais que não promoviam medidas conducentes a uma rápida alteração climática.
Teria alguém por detrás, decerto uma consciência ambiental que lhe daria o apoio necessário. E por que não? Essa consciência fazia falta como oposição à irresponsabilidade criminosa de outros, sempre protegidos pela impunidade.
As sociedades tecnológicas, armadas até aos dentes, teimaram na sua política de exploração, até à insanidade, de recursos naturais e pessoas vulneráveis, sem prescindir um cêntimo dos fabulosos ganhos que sempre acumularam.
Poupar as florestas, os seres vivos que as habitam? Limpar os mares poluídos até à saturação? Evitar os conflitos servidos por sofisticados meios bélicos que poluem os ares que respiramos, antes de arrasar infaestruturas essenciais à vida humana? Os lucros falam mais alto. É patológico.
Um jovem que conheço, certa vez a mergulhar no Mar Vermelho, foi surpreendido por um golfinho que lhe apareceu com um saco de plástico na boca. Sim um golfinho tem boca, sabe beijar. Tem capacidades cognitivas, ou senciência, consegue discernir.
O jovem tomou aquela atitude por uma brincadeira ocasional, mas o golfinho voltaria outra vez…e ainda outra, com mais plástico para lhe entregar. Uma mensagem tão explícita que qualquer humano de inteligência média entenderia. A inteligência dos homens que lideram os destinos do mundo em certas paragens, parece muito limitada.
Os obsessivos pelo poder esquecem-se da efemeridade da existência de todos e continuam a semear ventos para destruir alguns, muitos, o maior número possível, Agora todos colhemos vendavais, porque o mundo é um só com vários compartimentos que precisam de comunicar-se.
O que conforta saber, é que há uma consciência juvenil abraçada por poucos, que dá ânimo aos que são jovens há muitos anos, para continuarem a lutar pelas mesmas ideias que os animou uma vida inteira. Uma vida longa.
São eles todos que fomentam a paz.
Greta Thunberg, com apenas 20 anos, já recebeu distinções significativas e ainda tem uma vida inteira pela frente, como outros nomeados, para receber todos os tributos e prémios a que tiver direito. David Attenborough também tem sido agraciado com inúmeras distinções, mas não lhe restam muitos anos para receber a maior.
Merece esse reconhecimento enquanto estiver entre nós (estará sempre, de algum modo) porque as homenagens póstumas não servem a quem partiu.
Gostava muito, eu e uma legião de fãs por esse mundo fora, que ele ganhasse este ano o Prémio Nobel da Paz.
Excelente texto sobre esse inexcedível defensor da Mãe Terra. Subscrevo a proposta o Nobel da Paz este ano
Grande naturalista, produtor e apresentador excecional de documentários sobre a vida animal. Educador de gerações, ativista, ambientalista, pronunciando-se sempre com a maior das correções. Merece mais do que ninguém o Prémio Nobel da Paz.
As alterações climáticas são o que atualmente provoca mais guerras e por essa razão quem, com Sir David realça a importância do tema deve ser destinguido. Excelente texto.
Boa ideia, Helena, de o propor para o Nobel da Paz. Aplaudo!