Quando a atual secretária de Estado do Tesouro diz que nunca aceitou e que devolveria imediatamente caso lhe tivesse sido paga qualquer quantia fora-da-lei, no que diz respeito à indemnização que recebeu por sair da TAP, está a gozar com todos nós. É um exercício de cinismo.
Alexandra Reis sabe que não merece 500 mil euros de indemnização. Trabalhou pouco mais de um ano como administradora da TAP. Não fez nada que justifique tal indemnização. Saiu da TAP por vontade própria. Beneficia de uma prerrogativa que lhe é facultada pelo nepotismo regimental de um sistema político feito para beneficiar a elite do arco do poder.

Nomeiam-se uns aos outros, independentemente do partido a que pertencem, para cargos bem remunerados, influenciam grupos económicos para darem emprego aos fiéis que circunstancialmente estão fora da governança, fazem as leis e regulamentos em benefício próprio. Claro que a Alexandra jamais receberia qualquer quantia à margem da lei. A lei foi feita à sua medida: XXL em ganância.
Alexandra Reis, recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da companhia aérea portuguesa, quando ainda teria de cumprir funções durante dois anos. Mas essa indemnização só se justificaria em caso de despedimento sem justa causa. Não é isso o que diz a comunicação da TAP à CMVM, como já vimos antes. Mas afinal, agora, Alexandra diz que foi mesmo despedida.

Mas, logo depois tomou posse como administradora de outra empresa pública, a NAV (controlo do espaço aéreo) e cinco meses depois, entra para o Governo como secretário de Estado do Tesouro. Três nomeações políticas sucessivas. Quando sair do Governo irá receber um subsídio qualquer de reintegração no mercado de trabalho, mesmo se antes de sair já alguém tratou de garantir o futuro dela. Afinal de contas, nunca se viu um secretário de Estado ficar desamparado e ter de ir para o fundo de desemprego.