A fogueira onde ardia a secretária de Estado do Tesouro jamais se apagaria sem que ela saisse do Governo. Tal como fez com a TAP, Alexandra Reis poderá negociar os termos da sua saída, até porque está entre amigos. Quase família, digamos.
Para esta gente que só está habituada a despedir os outros, ser posto na rua é uma espécie de nódoa de molho de tomate na camisa branca. Fica feio. Assim, há de haver um comunicado do Governo a agradecer imenso a disponibilidade e o contributo e tudo o mais, talvez até uma promessa de novo cargo numa outra administração, lá mais para o verão, depois do pó assentar.
O caso de Alexandra Reis é de pouca relevância para este Governo. O problema de António Costa será conter os impactos mediáticos quanto ao papel desempenhado pelos seus ministros das Finanças e das Infraestruturas no caso.
Ninguém está a acreditar que quem tutela a TAP não sabia das intenções de saída de uma vogal do Conselho de Administração. Ninguém acredita que uma indemnização de meio milhão de euros possa ser negociada sem a concordância dos acionistas. A TAP só tem um acionista, o Estado. Esse acionista faz-se representar pelo ministro das Infraestruturas. O mesmo ministro que, três meses depois, vai buscar a indemnizada para novo cargo de uma outra empresa do Estado. Onde Alexandra esteve pouco tempo, porque o ministro das Finanças achou que não podia viver sem ela.
Por tudo isto, tornava-se urgente que Alexandra fosse de férias. Dinheiro para tal não lhe deve faltar.