A abertura duma exposição de arte costuma ser boa ocasião de reencontro – e agora ainda mais, nestes tempos que julgamos pós-pandémicos e menos restritivos para tal. Dão-lhe os franceses o nome de ‘vernissage’, termo que lhe empresta aquele charme parisiense, reclama uma taça de espumante, brindes, boa disposição…
Isso tudo houve, pois, no passado dia 30, em agradável final de tarde, na galeria do Casino Estoril. Não, que se me perdoe a anotação, não estiveram esses nomes chamariz de flashes e fotos em pose para as revistas da high life. Não estiveram. Pintura naïf diz mais com o Povo, a ruralidade, as cores das searas, montados e romarias. E flores naturais!



Sim, brindámos com espumante a embeber frutos vermelhos e, sobretudo, havia no ar aquela alegria sã de quem sabe deixar-se inebriar sem peias pelas belezas sem artifícios que nos envolvem.
E cantou-se!
Cantou-se Alentejo. Tinha que ser. A lembrar o saudoso Francisco Relógio, de Vila Verde de Ficalho. Por isso, daí se ofereceu para vir o grupo «Os Pimparralha».Pimparralha é, no Alentejo, aquele caule tenro que a gente morde e com ele assobia… Deliciaram-nos com as modas do Sul, tão nossas conhecidas, mas sempre tão apreciadas, mormente – como foi o caso – por quem bem as sabe cantar e tocar. Um entremês muito aplaudido que a todos agradou. Até os quadros aplaudiram!
Este 41º salão internacional de pintura naïf poderá ser apreciado – deve ser apreciado, corrija-se! – até 12 de Setembro. A entrada é gratuita!

Gostei de tanta coisa neste texto! Primeiro é interessante saber que não estiveram os flashes para as tais revistas, porque há outras formas criativas de publicitar certos acontecimentos de arte de rua e de pintura naïf.
Paralelamente aos artistas provenientes dos meios académicos, sempre houve autodidactas (até de grande craveira intelectual, a par de outros com pouca escolaridade) a quem não se pode negar o valor expressivo e a independência artística.
E cá temos, como escreve José d´Encarnação, um grupo coral de nome bem alentejano, os Pimparralha, a cantarem a sua região como forma de marcarem a identidade e de chamarem a atenção para o estatuto que este género de pintura hoje merece pela originalidade dos seus criadores.
Também gostei de saber que “até os quadros aplaudiram”…mais uma prova de que têm personalidade artística e intelectual.
E por fim é agradável perceber que a exposição ainda estará patente até final de Agosto.
Muito grata por esta publicação.