Guerra na Ucrânia, a deontologia dos jornalistas

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Sem mencionar o nome de qualquer jornalista e sem qualquer referência a casos concretos, o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalista divulgou um comunicado onde “repudia todas as atitudes que possam configurar tentativas de censura, de condicionamento e de limitação ao acesso à informação por parte jornalistas e da opinião pública.”

A situação do jornalista freelance Bruno Amaral de Carvalho é a que tem suscitado maiores protestos por parte de agentes políticos e de alguma opinião pública, que consideram o trabalho deste jornalista tendenciosamente favorável à posição da Rússia na guerra com a Ucrânia.

Bruno Amaral de Carvalho tem sido o único jornalista português a trabalhar no lado russo do conflito, mas não é o único jornalista ali. Há muitos outros, como de resto ele mesmo referiu numa das suas reportagens.

Agora, o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas vem dizer que “uma das formas tradicionais de manipulação da opinião pública é a tentativa de calar ou de descredibilizar as informações e as pessoas que mostram pontos de vista divergentes.” Talvez o termo “divergente” não devesse ter sido utilizado neste contexto. As reportagens e crónicas do Bruno Amaral de Carvalho não divergem com nada. São relatos factuais, circunstanciais. São descritivos. Ele tem relatado aquilo que tem visto acontecer à sua frente. Mas se limita a repetir informações oficiosas, não cita líderes mais mediáticos. Nenhum frete tem sido vislumbrado nos trabalhos deste jornalista.

“A ideia de que todo o trabalho jornalístico se faz a soldo ou ao serviço de um dos lados ou das partes envolvidas nos acontecimentos, em especial num conflito de guerra, resulta da mais abjeta visão do que é o jornalismo e do seu papel na formação de opiniões públicas informadas e do seu contributo para com a democracia”, acrescenta ainda o Conselho Deontológico, sempre sem especificar a quem se refere. Mas, sabemos do que foi dito do trabalho deste jornalista por comentadores televisivos, nomeadamente Ana Gomes, na SIC, ou até por membros do Governo, como foi o caso de João Galamba.

Na sequência destas pressões sobre o trabalho que desenvolvia na Ucrânia, o jornalista Bruno Amaral de Carvalho remeteu uma queixa ao Sindicato dos Jornalistas. Os termos da queixa não foram divulgados. Este comunicado do Conselho Deontológico pode ser entendido como consequência dessa queixa.

1 COMENTÁRIO

  1. Há muito tempo que o jornalismo livre foi extinto em Portugal.
    Não é admitido o livre pensamento
    Vai acompanhar o fim dos homens livres.

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