O único jornalista português a trabalhar atrás das linhas russas tem sido alvo de críticas e insultos, principalmente de gente que não sabe nada de jornalismo e que de política fala pela boca do dono. Neste caso, podemos considerar que o dono será o presidente dos Estados Unidos ou o secretário-geral da NATO. Eles que escolham qual o dono que mais lhes convém.
Jornalismo independente como o que o Bruno Amaral de Carvalho tem feito é, assim, mal recebido. O jornalista queixa-se disso mesmo ao revelar insultos que lhe dirige João Galamba, secretário de Estado do Ambiente e da Energia.

Se eu conhecesse pessoalmente Bruno Amaral de Carvalho dir-lhe-ia que insultos destes são medalhas. Aliás, são mesmo as únicas medalhas que jornalistas deveriam aceitar. Insultos de membros de qualquer Governo, gente enfeudada nos seus castelos político-ideológicos, transformam-se em elogios profissionais, Bruno. Significa que o teu trabalho é válido e que incomoda.
E porque se sentem os apparatchiks incomodados? Porque havendo um jornalista a reportar do outro lado da guerra, ficamos a saber que lá também caem bombas, que também destroem habitações e pequenos negócios, que morrem civis. E ficamos a saber que nem tudo o que se diz no lado de cá da guerra é verdade.
O trabalho de Bruno Amaral de Carvalho não desculpabiliza nem atribui culpas, relata o que acontece. Não tem nada a ver com política, tem tudo a ver com jornalismo. Isso é que se torna incomodativo.
Bruno Amaral de Carvalho tem carteira profissional de jornalista. Agressões vindas de membros de um Governo não podem passar impunes. A CCPJ tem obrigações a cumprir em casos como este. E o Sindicato dos Jornalistas idem.
