A retórica unanimista levada até à exaustão, muitas vezes para além dos limites do racional, sobre a guerra da Ucrânia está a atingir os limites da decência. São fotos montagens, são imagens de outros conflitos, que vão desde a guerra do Iraque, passando pela Palestina, pela Síria, tudo serve para o sensacionalismo pacóvio e manipulador da opinião pública sobre esta guerra. Como se todas as guerras não tivessem o mesmo paradigma e a mesma brutalidade.
Salvo raras exceções, são poucos os comentadores que vão para além da narrativa “una e exclusiva” sobre este conflito que está a arrasar por completo um país e a martirizar o seu povo, ocultando de forma propositada e subserviente as causas que estão na origem deste conflito.
Uma coisa é aquilo que nos deve orgulhar, que é a solidariedade e a ajuda humanitária ao povo ucraniano, acolhendo todos aqueles que fugiram da morte, bem como, a condenação de forma inequívoca da invasão militar a uma nação soberana.
Outra coisa bem diferente é a forma totalitarista como manipulam as causas que estão na origem deste conflito. E é sobre esta forma refinada de censura que todos devemos estar atentos e não permitir que prevaleça.
As consequências desta guerra são devastadoras para todo o continente Europeu. Perde a Ucrânia, nação destruída e com um povo martirizado. Perde a Rússia que, mesmo ganhando a guerra, está metida numa “camisa de sete varas”, sem saber como se vai desvencilhar da situação que criou, com este conflito. Como é que no futuro a Rússia se poderá relacionar com o povo irmão a quem destruiu a Pátria e matou os seus filhos? O ódio e a repulsa irão permanecer por muitas e muitas gerações, por parte dos ucranianos.
Mas Putin não enlouqueceu. Primeiro Poroshenko e depois Zelensky rasgaram, de forma unilateral, acordos e compromissos que tinham assumido com os russos. De forma provocadora renunciaram os acordos de neutralidade militar. Receberam mais de 6 mil milhões de dólares em armamento americano. Disponibilizaram o território ucraniano para exercícios NATO. Manifestaram vontade de aderir aquela organização militar e de renunciarem ao tratado de não possuírem armamento nuclear. Esta última decisão foi a gota de água que fez transbordar o copo.
