O terrorista que não queria ir ao exame

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Foi com emoção e alvoroço que os noticiários deram o alarme de que, finalmente, quase íamos tendo um atentado terrorista. A Polícia Judiciária anunciou que, com a ajuda do FBI, tinha abortado um atentado que seria executado hoje, 11 de fevereiro, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

O cenário imaginado pela PJ era um banho de sangue. Nas pantalhas, cada canal trouxe os seus especialistas em terrorismo, islamismo, geopolítica, segurança interna e externa. Todos os canais de televisão têm um ou mais “nunos rogeiros” à disposição, como sabemos. Poucos se atreveram a traçar perfis do nosso terrorista, mas já adivinhávamos um tipo escurinho, de barbicha ou rasta, consumidor de substâncias proibidas, descendente de magrebinos ou pior. Também podia ser filho de russos.

O exame de Programação…

Mas, às tantas, na RTP 3, num direto do provável “ground zero”, temos um puto a dizer que sabe quem é o “terrorista”, que é da turma dele, curso de engenharia informática. Dizia que o suspeito era um “nerd” da informática, um tipo metido com ele mesmo, pouco sociável. E que era quase vizinho dele em Leiria, uma terra cheia de mistérios desde a batalha de Aljubarrota.

“Os meus colegas até pensavam que era eu, mas não era. Senão, não estaria aqui a dar a entrevista…” – explicava o rapaz, para alívio de todos nós.

Interrogado sobre possíveis motivações do colega terrorista, o entrevistado disse que havia alguma animosidade por causa da realização de um exame marcado para hoje. “Pelo que eu estou a perceber, é uma espécie de revolta, porque íamos ter o exame de Programação…” e, depreende-se, o rapaz não queria fazer o exame. Agora nenhum deles quer fazer o exame, querem uma semana de folga para descansar de tanta emoção.

Enfim, não querer fazer um exame é um motivo como outro qualquer. Na América a maioria dos massacres em escolas são motivados por coisinhas fúteis… e pelo livre acesso a armas automáticas. Mas aqui, em Portugal, não estamos habituados a tamanha violência. Onde teria ido este jovem de 18 anos buscar o arsenal encontrado em casa…?

A TVI/CNN era quem fingia saber mais: o jovem sorumbático vem de uma família humilde, gente trabalhadora de uma pequena aldeia na região serrana de Leiria. Sempre a desconfiar dos pobres…

Ao princípio da noite começamos a interceptar conversas encriptadas (pelo WhatsApp) entre estudantes universitários. Afinal de contas, o suspeito tinha em casa facas, um arco e flechas. Nenhuma arma de fogo. O cenário banhado de sangue começou a desfazer-se… e a montanha pode ainda vir a parir um rato.

Continuemos a acompanhar a situação.

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