O CDS-PP não deve “morrer”

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No rescaldo das eleições de dia 30, o facto relevante para mim é o “desaparecimento” do CDS das bancadas do Parlamento e, quiçá, da paisagem política do país. Acho péssimo.

Não partilho do pensamento político do CDS mas não aceito que um partido com a história deste na democracia portuguesa venha a desaparecer da vida política nacional.

O CDS faz falta – e mais agora, com a chegada de forças extremistas de direita – mais falta vai fazer.

Com um pensamento próximo da democracia cristã, o CDS, nos seus 47 anos de existência legal participou activamente na vida do país, fazendo parte de numerosos governos. Começou em 1978 no II Governo Constitucional em coligação com o PS. Depois esteve sempre activo na governação até 2015, com presença activa na AD (Aliança Democrática) em coligação com o PSD sob a presidência de Francisco Sá Carneiro. Chegou a ser a terceira força política no Parlamento quando obteve 24 deputados nas eleições de 2011.

O Partido assumiu-se sempre como católico, conservador e liberal. Ilustres personalidades nacionais tiveram a coragem de, em período de forte perturbação política e social no pós 25 de Abril de 74, darem vida a um novo partido de raiz católica e conservadora.

Nascido da acção de ilustres fundadores saídos do Estado Novo, em Julho de 1974, legalizado em Janeiro de 1975, foi um importante elemento estabilizador da vida política nacional por ocasião do negro período do PREC (Processo Revolucionário em Curso).

Nunca será demais relembrar os nomes desses corajosos homens: Freitas do Amaral, Amaro da Costa, Basílio Horta, Victor Sá Machado, Valentim Xavier Pintado, João Morais Leitão, João Porto.

E também aqueles que passaram pela cadeira da Presidência. Freitas do Amaral seria eleito o primeiro presidente do Partido. Seguiram-se Adriano Moreira, de novo Freitas do Amaral, Manuel Monteiro, Paulo Portas, Ribeiro e Castro, Paulo Portas outra vez, Assunção Cristas e, finalmente, Francisco Rodrigues dos Santos.

Importantes individualidades ligadas ao Partido produziram em Novembro do ano passado um documento apelando ao diálogo, à união, recusando que “o CDS-PP se autodestrua em guerrilhas de facção”. Não serviu de nada. Implodiu. Não é com atitudes paternalistas que se resolvem situações como a do CDS. É com vontade, trabalho e boa-fé.

Não se vislumbra para já no horizonte alguém com a firme intenção de “agarrar” no Partido e fazê-lo renascer. Isto é, sim, tal como no outro partido de quem foi “sócio” em alguns governos, apareceu alguém em fim de carreira “europeia”, disponível qual nadador-salvador vindo da fatigante vida de Bruxelas.

O país precisa de um partido assim, descendente de grandes figuras nacionais, com história, baluarte de bons costumes, barreira aos arrivistas que vão aparecendo no espectro político nacional.

O CDS faz falta à democracia deste país. Particularmente, agora, ainda que tenha de esperar quatro anos para regressar aonde pertence, ao Parlamento.

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