Na autoestrada morreram dois: o trabalhador e o ministro

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Sabemos como funcionam os funcionários dos ministérios. Se um superior mandar o motorista buscar os meninos à escola, ele vai. A obediência é uma característica premiada. Quem está a infringir a lei? O mandante ou o mandado? Podemos dizer que ambos, mas o mandante joga com a autoridade hierárquica e o poder que tem para lixar a vida ao próximo e o pau mandado já está tão habituado a dizer que sim que nem sente quando é abusado.

No caso do atropelamento com o carro que estava ao serviço do ministro Cabrita, podemos imaginar que, depois de se ter esparramado no banco de trás, o ministro terá dito ao motorista que tinha de estar às tantas horas em Lisboa. O motorista olhou para o relógio e acelerou. Pouco depois matava um tipo que estava a trabalhar na manutenção da autoestrada e que, supostamente, estava a atravessar a via quando o carro surgiu a alta velocidade. Nenhum deles teve tempo para se desviar. Mas não sabemos, ao certo, como foi que as coisas se passaram. Esta narrativa é apenas um cenário possível.

O que engrossa esta questão é a falta de jeito do ministro para se mostrar solidário, sensibilizado, preocupado, humano. Cabrita é um peso morto em termos políticos e pode contribuir para infetar a relação do PS com o eleitorado.

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