No dia seguinte à aprovação do programa de Governo na Assembleia da República, o Governo vem dizer que afinal a redução no IRS não é bem aquilo que Montenegro prometeu.
Perante isto, houve até um diretor de jornal que pediu desculpas aos leitores por ter noticiado mentiras quando deu eco às promessas de Montenegro. No jornal, explica-se que a redução do IRS anunciada como a grande medida do executivo no início da legislatura deverá rondar apenas os 200 milhões de euros” e não 1,5 mil milhões de euros, como foi dito mais do que uma vez por Montenegro.
Pelo lado do Governo, o ministro das Finanças diz que as contas de Montenegro incluíam, afinal, a redução que o anterior Governo já tinha aprovado, antes de Costa se demitir.
A oposição não perdeu tempo, o alarido já vai alto. O PS avança com um pedido de debate de urgência no parlamento. Vai ser um festival.
O Bloco de Esquerda, nas redes sociais, também reclama o seu espaço nos protestos. Instagram e X são os campos de batalha do Bloco. Lá vem o link para o artigo do semanário Expresso onde se desmascara a treta.
Mariana Mortágua utiliza também a expressão embuste. Mas vai mais longe, adiantando que “a única promessa que não era a brincar é a redução do IRC sobre os lucros das grandes empresas”.
Nesta nova realidade da política portuguesa, já ninguém quer dar espaço para o Chega ser único protagonista do protesto. Vão todos gritar mais que André, já que é disso que o povo parece gostar.
Dar o dito por não dito, em matéria de promessas feitas em períodos eleitorais, é uma deslavada ousadia que se generalizou.
Os candidatos aos órgãos do poder deviam ter formação prévia sobre noções de
ética, serviço público, responsabilização.
Como o exercício da política, em debates parlamentares, se converteu numa feira de acusações, nunca a discussão dos problemas reais do país ficará no topo das prioridades.
Depois queixam-se da percentagem de abstenções.