As reformas douradas

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As verdadeiras reformas douradas, afinal, não são dos políticos, são as que recebem os banqueiros. Muitos se alarmaram e se escandalizaram com a notícia de que Manuel Pinho, antigo ministro no Governo de José Sócrates, recebe uma pensão de 15 mil euros por ter trabalhado 11 anos no BES. Mas quem se lembra do valor da reforma que recebe Jardim Gonçalves, antigo presidente do BCP? Se não se lembram, sentem-se. O homem recebe 167 mil € por mês, vezes 14 dá 2 milhões e 330 mil por ano. Isto é que é uma reforma dourada, não é a “miséria” que recebe um ex-deputado ou um ex-presidente de câmara.

Há uns anos, foi notícia que as reformas de cinco ex-gestores do Banco Comercial Português (hoje, Millennium BCP), entre os quais dois antigos presidentes, representavam um encargo de cerca de 70 milhões € por ano para o banco.

Dirão os militantes do capitalismo selvagem que ninguém tem nada a ver com isso, que os bancos em causa são privados e que, portanto, fazem o que querem com o dinheiro deles. Mas, na verdade, o dinheiro não é dos bancos. É dos depositantes. E quando a farra é desmedida e o banco vai à falência, sabemos que quem paga é o contribuinte, mesmo que nunca tenha tido conta no banco em causa.

No mundo dos banqueiros e outros grandes capitalistas, os políticos não passam de meros funcionários, embora bem pagos, evidentemente. Luís Amado (PS) está na EDP, assim como André Ventura (Chega) esteve na Finpartner.

É claro que Manuel Pinho não é caso único no tráfico existente entre negócios privados e poder político. Nem os bancos são os únicos pecadores. Temos muitos outros casos, desde as grandes construtoras vocacionadas para obras públicas, como serão os casos da Mota Engil, da Teixeira Duarte, da Soares da Costa ou da Somague, que se juntam aos exemplos que nos tem dado a EDP, a Galp ou a TAP. Nessas administrações há sempre um lugarzinho à espera do político prestativo na reserva. E sabem o que é um ex-político prestativo? É o Catroga, por exemplo.

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