Foi promovido a almirante e nomeado Chefe do Estado Maior da Armada. Todos o conhecem como o “almirante das vacinas”, por ter sido o coordenador da campanha de vacinação contra o covid-19.
A maioria das pessoas admira-o. É a pose. É a altura. É o sorriso de Gioconda. É a farda. Mas há quem venha a terreiro destapar alegadas patifarias. O que é um ato de coragem, nas atuais circunstâncias.
Joana Amaral Dias, numa crónica no Diário de Notícias, diz que o novo almirante “não é quem parece ser”. Diz a cronista que Gouveia e Melo é “um homem apostado em urdir intentonas contra colegas, em engendrar rasteiras que derrubem quem lhe faça frente ou apenas dele discorde”. Sem esmiuçar, a crónica espraia-se pelas guerras palacianas nos corredores dos altos comandos militares, por processos judiciais e acusações de corrupção. Na crónica, Joana Amaral Dias dá a entender que sabe mais do que escreveu, talvez para alimentar a curiosidade sobre próximos escritos.
Ou seja, a ser verdade o que a psicóloga menciona, temos um novo Chefe do Estado Maior da Armada exímio na luta política “com poucos escrúpulos e ilimitadas ambições”.
Já o texto oficial, difundido pela agência Lusa, diz que o “submarinista” terá ganho a admiração do povo quando enfrentou um grupo de negacionistas, em Odivelas. De peito “às balas”, lembrando um pouco uma cena antiga passada com Ramalho Eanes, Gouveia e Melo respondeu a quem lhe chamava “assassino” que “o negacionismo e o obscurantismo é que são os verdadeiros assassinos. O vírus associado à ignorância e ao medo ainda mata mais”. Ficou herói para uns, vilão para outros.

A crónica “negra” assinada por Joana Amaral Dias prefere realçar que Gouveia e Melo beneficiou “de uma comunicação social que beijava o chão que pisava” e daquele complexo sebastiânico entranhado no povo português que “continua a sonhar com um papá protector e disciplinador”.
Hoje almirante, amanhã Presidente? O próprio não confirma nem desmente a hipotética intenção. O que é próprio da política.
