Lisboa, os misteriosos túneis do bairro da Ajuda

O bairro da Ajuda, em Lisboa, tem muitos túneis antigos. Infraestruturas centenárias, a maioria construídas no século XVIII (18). São túneis que, aparentemente, ligam palácios uns aos outros, ou que serviriam como portas de fuga em caso de necessidade, ou que serviriam para levar água até às residências dos ricos e poderosos da época. Jamais saberemos se não forem estudados, se forem destruídos. E é isso que está a acontecer.

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Um buraco feito no pátio do Palácio da Ajuda descobre um túnel e a leitura da notícia deste incidente trouxe para a praça pública reações e memórias de muitos lisboetas, nomeadamente os que viveram ou vivem no bairro da Ajuda e dos que se interessam pela arqueologia ou pela preservação do património histórico.

E vieram os relatos de quem viu ou sabe da existência de vários túneis por debaixo das casas e antigas quintas da Ajuda. Património que está a desaparecer, como relata Alves Maia numa publicação que fez em 2016 no Facebook: “falando nas obras na Calçada da Ajuda, ao passar por ali hoje deparei com este senário, referente a este túnel que vos mostro, que sempre ouvi falar e nunca acreditei, agora fiquei sem palavras a ver uma riqueza destas de baixo do chão e nunca foi explorado e agora pelos vistos irá ser destruído.”

O túnel que se vê nesta fotografia tem pé direito, seria possível caminhar no interior, certamente que não se tratava de um esgoto. As paredes deste túnel parecem semelhantes às paredes do túnel que ficou a descoberto nas recentes obras no pátio do Palácio da Ajuda. Talvez se trate da mesma estrutura.

Seria interessante se os responsáveis pelo Palácio Nacional da Ajuda viessem esclarecer esta questão. Que túnel é este, que função teve e se os danos provocados irão ser reparados.

Tentamos o contacto disponibilizado no site do Palácio Nacional da Ajuda (e-mail apenas) mas o sistema não funciona, está a precisar de obras também…

No site do Palácio Nacional da Ajuda, a única referência a obras não menciona qualquer túnel…

Outro caso, relatado por Paulo Alexandre Ramos. Como mostra a fotografia que este cidadão incluiu na publicação que fez no Facebook, uma obra rebentou com um túnel e não houve notícia que alguém se tivesse alarmado com isso.

Na Ajuda, os mais velhos quando crianças brincaram nestes túneis. Há relatos dessas memórias…

É pena que estas infraestruturas não estejam a ser preservadas. Os projetos de urbanização do bairro deviam incluir estas memórias. Uma coisa não impede a outra. Basta querer fazê-lo. Não vale a pena argumentar que não se sabe por onde esses túneis passam, porque há mapas antigos que mostram bem onde eles estão.

O bairro da Ajuda esteve esquecido durante muitas décadas. Entalado entre dois polos de atração turística, Belém e Alcântara,  o bairro degradou-se bastante mas, ao mesmo tempo, manteve uma alma muito característica. Hoje, com projetos urbanísticos a avançar, tudo vai mudar, mas nem sempre para melhor. No que respeita à preservação do património, existem muitas dúvidas.

16 COMENTÁRIOS

  1. Fantástico, mais um esgoto ou uma conduta de água (que é o mais provável) comentada por tantos “especialistas”, armados em arqueólogos que entendem tanto disso como eu entendo de plantação de nabos. Se querem ser arqueólogos e saber aquilo que dizem, pelo menos tirem um curso. Túneis / condutas dessas há em Lisboa às dezenas e se lerem um pouco os estudos e bibliografia já publicados, não fariam tantas confusões.

    • Nem todos podem ser tão letrados como V.Exa. e nem todos terão tempo para estudos tão aprofundados como V.Exa. e nem todos saberão onde encontrar essas escolas tão exclusivas onde V.Exa. cursou e adquiriu a sua sabedoria sobre esgotos centenários. É a vida, uns com tanto e outros com tão pouco.

      • As pessoas não precisam ser letradas para entender as coisas, mas não devem se identificar como especialistas quando não o são, isso só contribui para as tão famosas “fake news”, infelizmente.
        Quanto aos locais onde as pessoas podem estudar, é só verificarem os programas universitários e quanto à bibliografia, está acessível pela internet, é só pesquisar.
        As invenções de curioso não ficam bem em Ciência, seja ela qual for.

          • Carlos Narciso, ao menos teve o cuidado de perguntar ao Centro de Arqueologia de Lisboa que estrutura é aquela? Se calhar um esgoto do século XVIII. Quem sabe são os profissionais e não os curiosos.

  2. Leia o artigo e veja a quantidade de “especialistas” a mandar bitates, cada um a inventar mais que o outro. Se ao menos tivessem o cuidado de perguntar a quem sabe ou de ler qualquer coisa sobre a matéria. Enfim, tempos modernos de mau jornalismo e de fakes por todo o lado.

    • Pelos vistos, o sr entende não só de esgoto como de jornalismo. acho muito bem, temos todos de ser o mais polivalentes possível. quanto a fakes (para usar a sua expressão), o que dizer de alguém que se apresenta como O Adamastor…?

      • Fique tranquilo senhor mau jornalista, há mais de 2.700 pessoas que sabem quem é o Adamastor. Fez asneira e continua a replicar, não teve o cuidado de fazer investigação básica e nem sequer de contactar a Instituição que o poderia esclarecer, divulga fakes com a maior naturalidade e nem sabe que esse esgoto do século XVIII (Pombalino) já está registado e devidamente referenciado. As pessoas quando não sabem devem perguntar a quem sabe e não inventar para publicar.

      • Por acaso já teve o cuidado de ir ao Centro de Arqueologia de Lisboa informar-se sobre o assunto? E após essa consulta, que tal voltar ao local e fazer uma reportagem séria sobre a estrutura entretanto (re)descoberta? É complicado? Eu dou-lhe o endereço do CAL.

        • Deve ter alguma dificuldade de leitura, não percebeu que tentei o contacto com o Palácio Nacional da Ajuda e que o sistema de comunicação não está a funcionar. O seu CAL não existe nas minhas preocupações, não é tido nem achado na questão. Quem deve responder pela infraestrutura é o PNA, do meu ponto de vista, perdoe-me a ignorância. Agora, se o CAL quiser replicar, este site tem um email disponível e que funciona. Posso dar-lhe uma ajuda e evitar-lhe o incómodo de o procurar: jornalduaslinhas@gmail.com o CAL que contacte se é que tem alguma coisa para acrescentar ou esclarecer. Até poderia acolher a sua sugestão se não tivesse sido antecedida de insulto e preconceito. Continuo a achar que quem se apelida a si mesmo de O Adamastor não deve ser grande coisa. Passe bem, tente não me chatear, para evitar ter de o bloquear. Há regras de cordialidade mínimas para nos aturarmos uns aos outros.

          • E continua a ser teimoso e a apelar ao desconhecimento. Meu caro, quer bloquear e fugir esteja à vontade, tenho outros perfis onde o posso continuar a criticar fundamentadamente, como o fiz até agora.
            Claro que o Centro de Arqueologia de Lisboa (pertence à Câmara Municipal de Lisboa) é a Instituição mais indicada para o esclarecer sobre essa e outras estruturas arqueológicas de Lisboa, mas se prefere continuar a alimentar fantasias e “fake news”, esteja à vontade que eu depois estou por cá.
            Estou disposto a conversar consigo pelo meu perfil “normal” quando o senhor voltar ao local e fizer uma reportagem como deve ser, sem fantasiar e perguntando a quem realmente sabe de Arqueologia e Arquitectura antiga.
            Acrescento que no jornalismo e nessas regras de cordialidade a que apelou no último parágrafo, não vale tudo.

          • Quem anda distraído é V. Exa., trata-se do mesmo artigo fantasioso que já tinha escrito e onde foi criticado com fundamento.
            Também não é nenhum insulto reportar o seu artigo como mau jornalismo, porque é a realidade.

  3. Jornalismos da treta, picardias intelectuais á parte, é muitooo provável, que em obras publicas e não só, quando se encontram “vestígios” arqueológicos ou “outros”, ser mais fácil ignorar, voltar a tapar, esconder ou até destruir esses vestígios para evitar a paragem dos trabalhos em curso e assim evitar prejuízos a construtores, atrasos na obra, complicações na circulação,etc etc “È pá, tapa lá isso antes que suspendam a obra e fiquemos parados sem trabalho”. Não há necessidade, meus senhores, de se aborrecerem. Infelizmente, em Portugal, nem sempre a Cultura, História, Arqueologia, conseguem a atenção devida nestes casos. Exemplo das escavações em Bucelas, concelho de Loures, que descobriram um vasto cemitério no subsolo da vila, e que foram paradas para não “transtornarem” a vida no local… Enfim…

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