705€ de SMN valem muitos votos

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Felizmente que vamos ter eleições em janeiro, caso contrário poderiamos dizer adeus ao aumento do salário mínimo nacional. Os míseros 40€ a mais no SMN jamais seriam concedidos por vontade do patronato. O que eles choraram nos sofás da concertação social, meteu dó.

E foi então que o primeiro-ministro espreitou a oportunidade. O Governo apoia as empresas, dá-lhes uma compensação e o SMN fica nos 705€. As empresas receberão 112€ por cada trabalhador mal pago. Recebem uma única vez. Não volta a haver eleições tão cedo.

Para as empresas que paguem mais do que o atual salário mínimo (665€), mas menos que o definido para o próximo ano (705€) e passem a ter de assegurar esse valor, o Governo definiu também uma compensação, mas mais modesta: 56 euros por cada trabalhador.

O Governo gasta uns cobres, mas o que importa é que no dia 30 de janeiro, quando as pessoas forem votar, a maioria dos trabalhadores neste país já recebeu um salário menos mínimo.

Mas não é a primeira vez que este Governo apoia empresas à conta do aumento do salário mínimo. Neste ano de 2021, as empresas receberam um total de 33 milhões de euros, num esquema de compensação semelhante. O argumento deste ano foi a pandemia.

Desde o Estado Novo que o empresariado nacional vive de mão estendida, na expetativa da esmola estatal. Salazar inventou leis de protecionismo da industria nacional, fomentou os monopólios, carregava de impostos as importações e manteve sempre uma política de manter o operariado e os serviçais a pão e água. E os vícios são difíceis de largar… Concorrência saudável, meritocracia e sentido de serviço público são manias de suecos e dinamarqueses que nunca germinaram em Portugal.

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