Maria de Jesus Rendeiro pode ser constituída arguida

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Muito provavelmente, Maria de Jesus Rendeiro vai ter problemas acrescidos com a Justiça. Era ela a fiel depositária de centenas de obras de arte da coleção do BPP que foram arrestadas pelo Estado. Os quadros estão na mansão da Quinta Patiño, mas há uma forte suspeita de que alguns desses quadros foram substituídos por falsificações.

Ou seja, Rendeiro terá vendido aquilo que já não lhe pertencia e substituído os originais por imitações. A suspeita surgiu quando uma equipa de inspetores da Polícia Judiciária se deslocou à Quinta Patiño para verificar se os quadros ainda lá estavam. Munidos de uma lista das obras de arte apreendidas, os agentes verificaram que, em números, estão lá todas, mas suspeitam da “qualidade” de algumas.

Sendo assim, a juíza Tânia Loureiro Gomes ordenou a retirada de todas as obras de arte da casa da Quinta Patiño e pediu uma perícia para averiguar da autenticidade dos quadros. Em causa podem estar muitos milhões de euros, uma vez que se trata de uma coleção considerada bastante valiosa. Estas obras de arte apreendidas são apenas uma parte da chamada Coleção Elipse, que era património do BPP quando o banco faliu e, reúne mais de 900 quadros e peças artísticas e, em 2008, foi avaliada em cerca de 45 milhões de euros.

A Coleção Elipse serviu para Rendeiro construir uma imagem de patrono das artes e para se evidenciar perante o poder político e agentes económicos.

João Rendeiro com Cavaco Silva, numa visita a uma exposição da Coleção Elipse

A mulher de João Rendeiro ainda tentou impedir que os quadros fossem levados, chamou um advogado, mas o despacho da juíza é impiedoso, mencionando especificamente que Maria de Jesus Rendeiro “não poderia” opor-se à retirada dos quadros, como também que “a remoção é essencial para averiguar se as obras apreendidas são ou não falsificações.”

A transladação das obras de arte não é uma tarefa simples. O transporte terá de ser feito em condições adequadas e será preciso cuidar do depósito onde os quadros vão ficar. Trata-se de uma logística algo complexa, vai levar alguns dias a preparar, esperemos que a polícia monte guarda no portão da mansão de Rendeiro a fim de evitar mais tropelias.

Maria de Jesus Rendeiro corre agora o risco de vir a ser constituída arguida pelo crime de descaminho ou destruição de objetos colocados sob o poder público. Crime que pode valer 5 anos de prisão.

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