Antónia Correia queixou-se, na altura, ao tribunal da violência doméstica do seu marido. Saiu de casa com a filha, para ir morar com os avós de Maria.
A mãe de Maria foi sempre professora do primeiro ciclo em Fronteira e o pai gerente bancário em Castelo de Vide.
A menina terá presenciado os maus tratos à mãe. E quando mudaram de casa, Maria deixou de querer ver o pai.
O tribunal de Fronteira ordenou que a GNR obrigasse as visitas ao pai. Tal facto piorou a aversão da menina em relação ao progenitor. A GNR acabou por fazer vários relatórios para tentar evitar tamanha violência. Foi há 10 anos, mas o caso está de novo a ser investigado.
Foi então que o juiz-estagiário Nuno Bravo Negrão se apoiou num parecer polémico do psicólogo Eduardo Sá para fazer o pior: “prender Maria” como disse Marinho e Pinto na reportagem da RTP “Filha Roubada”
Psicólogo Eduardo Sá deu parecer encomendado
O primeiro alerta deste caso vergonhoso veio no Expresso, num texto violento de Inês Pedrosa, na revista Única. Depois passou para o Diário de Notícias. E a seguir entrei eu, pela RTP1, no programa “Em Reportagem”, que mais tarde se tornou “Linha da Frente”.
O psicólogo Eduardo Sá tinha escrito parecer encomendado pelo pai da criança de que tenho cópia e aqui voltaremos para falar desta prática absurda. Diz mesmo no preâmbulo que emite parecer baseado apenas na documentação enviada pelo progenitor.
Deu o parece com documentos fornecidos unicamente pelo progenitor, concluindo pela existência da famosa “alienação parental”. Que a Organização Mundial de Saúde não reconhece.
Criticam os pais para punir as crianças
Em boa verdade este síndrome inventado apenas serve para alimentar os conflitos dos pais e punir estupidamente as crianças que são o elo sem voz e zás! ficam presas!
Acompanhei durante meses e meses Antónia Correia, chorosa, desfeita com o coração nas mãos, justificadamente. A pedir-me auxílio insistente.
Na reportagem foram utilizados meios excecionais. Câmaras ocultas. Carros especiais. Vigilâncias constantes. Captação de sons à distância. Esperas em tribunais.
Perseguição a criança em estilo nazi
Tudo o que se podia utilizar para socorrer uma mãe injustiçada, a quem tinha sido retirado uma criança de sete anos para ser enfiada num lar evangélico para “reestruturação mental”.
Autor? O juiz estagiário Nuno Bravo Negrão. Ao pior estilo do nazismo contra as crianças judias de que à memória.
Vale a pena rever a reportagem para perceber até onde vai a maldade humana.
Enfermeiro-bispo dirige organização
A criança de nome Maria nem sequer recebeu visitas, durante os 3 primeiros meses nesse maldito lar, dirigido por uma organização, cujo bispo-supremo era, nem mais nem menos, que um enfermeiro!
Empenhei-me dia e noite neste caso, ajudado por uma advogada amável e de um casal rico de Leiria.
Montou-se até um gigantesco concerto em Fronteira onde Vitorino, Wanda Stuart, João de Portugal, entre outros, atuaram de graça na praça principal da vila, num palco que custou ao casal de Leiria mais de 3500 euros.
O largo de Fronteira estava de vazio às 21 horas. E eu percebi então o mal que Salazar e a GNR tinham feito ao Povo de Fronteira. Estavam acagaçados!
Só às 22 horas a coisa se compôs. Mas numa povoação de mais de 2 mil pessoas, nem sequer 50 estavam na praça. Uma vergonha!
Voltarei a falar deste assunto, que me deixou agora um nó terrível na garganta e uma pressão insuportável no meu peito.
Autoridades judiciais fazem ameaças
A meia hora do programa ser emitido, a RTP recebeu cinco faxes de autoridades judiciais, ameaçando a empresa e o jornalista com processos.
Houve nessa altura, de imediato, uma reunião com o diretor de informação José Alberto Carvalho e uma vasta equipa de advogados da RTP e escritórios externos para avaliar a situação.
E nunca esquecerei, quando João Adelino Faria estava prestes a terminar o telejornal. E o impasse permanecia: uma criança presa aos 7 anos num lar evangélico, apenas porque se recusar a ver o pai?
Perante a inexistência de razões plausíveis para a não emissão da reportagem, José Alberto Carvalho (diretor de Informação, na altura) pega no telefone e dá ordem à régie: arranquem!
Ainda hoje estou emocionado.
Há momentos em que questionamos sobre o sagrado objetivo do jornalismo. Mas depois, o desânimo passa e percebemos. E há pessoas e pessoas.
Um final feliz para Maria de Fronteira
A história de Maria teve um fim diferente do esperado. De início, após um ano no Lar Evangélico de Vendas Novas, foi entregue ao pai. Mas, pouco tempo depois, outro juiz reverteu a sentença.
Maria voltou a viver com a mãe. Aparenta não ter sequelas de tamanha violência imposta pelo juiz-estagiário Nuno Bravo Negrão.
Atualmente, frequenta o segundo ano de uma faculdade com excelente aproveitamento. Há milagres!
O que dizem de relatórios “encomendados” a dizer que há Alienação Parental, também o Pedro Strecht várias vezes já elaborou a dizer que “não se vê na mãe a prática de Alienação Parental” reconhecendo, portanto a validade dessa prática.
Aliás, quem escreve o texto enviesada deveria saber que a “Síndrome de Alienação Parental” é diferente da “Alienação Parental”.
A síndrome necessita de ser reconhecida e validada mas nem implica que não exista também, como outras como “Vício de internet” que também não está reconhecido mas que sabemos existir.
Quanto ao relator do pai ser agressor, foi alguma vez condenado por isso, ou provados esses alegados factos?