O que vai ficar debaixo de água

A esmagadora maioria dos cientistas, de todo o Mundo, concorda com as evidências de que o clima está a mudar e concorda com as previsões catastróficas do que aí vem.

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Os cientistas concordam numa base científica que vai para além do senso comum. Os cientistas usam a matemática para elaborar as suas previsões. Não são adivinhos.

A estatística é uma das componentes dessas projeções matemáticas e o que esses dados mostram é que nas últimas décadas a temperatura média tem vindo a subir, com uma subida cada vez mais acelerada nos últimos anos.

A visualização da subida da temperatura entre 1850-2017 pode ser verificada na escala de cores desenvolvida pelo Prof. Ed Hawkins, da Universidade de Reading, disponibilizada no seu blog Climate Lab Book. No que diz respeito a Portugal, é visível (pela cor encarnada) o aquecimento nos últimos anos.

Nos jornais, rádios e televisões, as notícias sobre aquecimento global são recorrentes. Mas o incómodo que é mudar de estilo de vida tem justificado a letargia dos políticos e a resistência das empresas. A população está, porém, cada vez mais sensibilizada para o problema, embora ainda não o suficiente para se organizar de forma a pressionar os decisores políticos mais sensíveis ao poder do dinheiro.

E, no entanto, o tempo escasseia para tentarmos evitar o desastre. O degelo nas calotas polares já começou. O nível do mar já está a subir, embora ainda não seja visível a olho nu. O clima já está a mudar.

A Europa meridional e central regista mais frequentemente vagas de calor, incêndios florestais e secas. A região mediterrânica está a tornar-se mais árida e, por conseguinte, mais vulnerável a secas e incêndios florestais. No norte da Europa, chove bastante mais e as cheias poderão tornar-se comuns no inverno. As zonas urbanas, onde, atualmente, vivem quatro em cada cinco europeus, estão expostas a vagas de calor, a inundações e à subida dos níveis do mar, mas encontram-se frequentemente mal preparadas para se adaptarem às alterações climáticas.

E em Portugal…

Em Portugal, os custos para a sociedade e a economia serão devastadores. Com a subida do nível do mar, as praias irão desaparecer. Sem praias, não haverá turismo. Tivemos agora uma pálida amostra do que isso será, com os confinamentos por causa da pandemia.

O desenho está feito. Nos mapas seguintes (elaborados pela Climate Central), a vermelho poderão ver as zonas que ficarão submersas se o nível do mar subir apenas 1 metro. No Algarve, Lagos, Faro e Ria Formosa ficarão apenas na memória.

Todas as ilhas da Ria Formosa desaparecerão dentro de 30 anos

Mais a norte, parte da Reserva Natural do Estuário do Sado irá desaparecer e as cidades de Setúbal e Alcácer do Sal ficarão fortemente condicionadas pela subida das águas.

Lisboa e a Reserva Natural do Tejo. Todas as zonas ribeirinhas ficarão debaixo de água, incluindo o futuro aeroporto que querem construir no Montijo ou em Alcochete.

Continuando para norte, as praias da Figueira da Foz, da Costa de Prata, a Ria de Aveiro, a cidade de Aveiro, Viana do Castelo, Caminha estão no rol de sítios em perigo de desaparecer dentro de 30 anos.

O problema vai afetar muito mais do que praias e zonas costeiras, evidentemente. Com o clima a mudar, ficam em risco os setores fortemente dependentes de determinadas temperaturas e níveis de precipitação, como a agricultura, a silvicultura, a energia e o turismo, como já dissemos.

Podemos ter a pretensão de que iremos conseguir adaptar-nos a tudo o que aí vem. A Humanidade especializou-se nisso, na capacidade de adaptação. Mas trata-se de uma incerteza e não devíamos fazer futurologia com ela. Será sempre uma catástrofe humanitária e ecológica global de um nível de destruição inimaginável.

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