Crime Perfeito (2ªparte)

Moisés Fonseca cumpre 20 anos de prisão. Foi detido em 6 de março de 2014, ficou a aguardar julgamento em prisão preventiva, indiciado pela morte da mulher com quem tinha vivido maritalmente. Não voltou a sair em liberdade, uma vez que ainda cumpre a pena decretada pelo tribunal. Já na cadeia, confessou um segundo crime, pelo qual nunca foi julgado.

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Segundo as confissões do próprio, os irmãos Carla e Marcelo Santos foram mortos pelo mesmo assassino.

Marcelo foi dado como desaparecido 13 de dezembro de 2013.  A polícia não investigou o caso e terá partido do princípio que se tratava de uma fuga do lar. Marcelo era casado e tinha dois filhos.

Três meses depois, a irmã de Marcelo, Carla Santos, é morta à facada pelo homem com quem tinha vivido maritalmente, Moisés Fonseca. Perante as evidências na cena do crime, a casa de Carla, em Belas, Moisés foi detido e acabou por confessar o crime.

Já depois de julgado e condenado pela morte de Carla, Moisés confessa a três agentes da Polícia Judiciária que também tinha morto o irmão de Carla. Segundo esta confissão, tratou-se de uma luta na sequência de uma discussão a propósito dos maus tratos sofridos por Carla às mãos de Moisés. Marcelo acabou por morrer, vítima de uma facada no pescoço, confessou Moisés.

Assim, Moisés nunca quis assinar uma confissão por escrito e tentou negociar condições para assumir a culpa pela morte do cunhado. O que ele tentou foi manter o poder paternal sobre o filho que teve com a mulher que matou. Se não pudesse ser ele mesmo, que fosse alguém da sua família direta, os avós ou tios paternos, por exemplo.  Moisés considerava “inadmissível” ter perdido todos os “direitos” sobre o filho.  

(excertos do relato da PJ sobre a confissão de Moisés Fonseca de ter morto Marcelo Santos)

O relato desta confissão foi passado a escrito pelos agentes da Polícia Judiciária que a ouviram e enviada para apreciação do Ministério Público em 13 de outubro de 2015. Nunca houve consequências disto.

Moisés Fonseca sabe, certamente, que assumir a autoria da morte de Marcelo Santos não lhe vai trazer qualquer agravamento da pena. Na prática, ele já cumpre a pena máxima possível e uma segunda condenação, depois de feito o chamado cúmulo jurídico, não lhe iria causar grande mossa.

Mas, parece evidente que Moisés tira prazer em torturar outros. É o que ele está a fazer, ao impedir que os pais de Marcelo tenham acesso ao corpo do filho, ao tirar-lhes o direito de fazer luto pelo filho. E a Justiça é impotente perante isto tipo de crime.

(continua)

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