O certificado digital

Tomada a segunda dose da Astrazeneca, poderei pedir o certificado digital no SNS24, documento que me abrirá as portas de restaurantes e cinemas, bares e salas de teatro.

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O problema do certificado digital é poder ser uma ferramenta de políticas dissimuladas dos governos. No Serviço Nacional de Saúde há algumas vacinas obrigatórias, caso das vacinas contra a difteria e o tétano, sem as quais não é possível matricular uma criança na escola ou para a inscrição em exames escolares nacionais.

O cumprimento da toma das vacinas do Programa Nacional de Vacinação, na generalidade, não é obrigatório. A maioria dessas vacinas são inoculadas na meninice e juventude e previnem-nos para doenças outrora terríveis como a poliomielite, o sarampo, varicela, papeira.

Outras que não são obrigatórias, são impostas segundo regras estabelecidas internacionalmente quando viajamos para determinados países, como é o caso da vacina contra a febre amarela ou a encefalite japonesa. Podemos optar por não as tomar, mas não passamos a fronteira de Estados que as exigem.

Agora, o que se pretende fazer é mais ou menos o mesmo, mas no âmbito interno. Queremos ir jantar fora? Teremos de cumprir com as regras que dão novos poderes aos porteiros de hotéis e discotecas, agora também ao serviço do Ministério da Saúde.

E se a moda pega, porque não um certificado que inclua também eventuais dívidas ao Fisco? Quem não pagou IMI também pode querer não pagar o consumo mínimo.  Ou um certificado que mostre ao senhor porteiro o nosso registo criminal? Quem se portou mal uma vez pode prevaricar a qualquer momento.

Acresce que o documento tem validade de seis meses, mais ou menos a mesma que se estima para as vacinas que andamos a tomar. Ou seja, o sistema já acautelou a possibilidade de nos virem a pedir terceiras e quartas doses da vacina…

Enfim, o certificado digital pode vir a tornar-se numa ferramenta complicada de se manusear. Pode evoluir para um controlo absoluto sobre a vida dos cidadãos, o que é inaceitável. Neste momento, ninguém pode garantir que tal não virá a acontecer. Na Ciência há uma regra que diz que se há a possibilidade de alguma coisa correr mal, tarde ou cedo isso acabará por acontecer. É a Lei de Murphy. O senhor Murphy foi um engenheiro aerosespacial norte-americano e era considerado, pelo amigos, como uma pessoa optimista.

2 COMENTÁRIOS

  1. Fazendo um reparo ao que escreveu. Não existem vacinas obrigatórias em Portugal. Existem sim, vacinas recomendadas que estão contempladas no plano nacional de vacinação, como existem outras vacinas que não estão no plano nacional de vacinação como é o caso da vacina do HPV. Acontece ainda, que esta vacina, a do covid está em fase experimental e por isso mesmo nunca poderia ser obrigatória.

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