Por fora tem todas as características de um prédio abandonado. Muitos vidros partidos, paredes sujas. Excetuando o restaurante que funciona no rés do chão, tudo o resto está sem préstimo já há muito tempo.
Espreitando para o interior, o abandono é mais do que evidente, embora ainda possamos imaginar a azáfama que durante décadas animou este espaço, cheio de automóveis a necessitar de reparação ou manutenção.
A Câmara lisboeta aprovou agora um projeto da Sonae que já alugou o edifício para ali instalar mais um supermercado. Nem todo o espaço está arrendado à Sonae. Além da cervejaria a empresa Garagem Auto Lis continua na posse de parte do espaço, embora já haja um acordo com o senhorio para sair. E acreditamos que a cervejaria também acabe por sair a troco de um reforço da indemnização. Os tempos não estão fáceis para o negócio.
O edifício está classificado como imóvel de interesse público, o que não impediu a aprovação de um projeto que vai mudar tudo no interior e que, segundo informações já disponíveis, vai alterar a cobertura e a fachada em alguns pormenores como, por exemplo, a caixilharia das janelas.
A Câmara Municipal diz que se trata de um projeto de relevância social e económica, mas o tema não é pacífico nem entre a vereação nem na população residente e agentes económicos locais.
O debate girou à volta do congestionamento de trânsito que o supermercado vai provocar naquele local, embora a grande preocupação dos pequenos comerciantes da zona seja a concorrência que uma grande superfície lhes vai mover. Depois do supermercado abrir, quantas mercearias vão sobreviver? Quantas lojas de pechisbeque? Quantas drogarias? Quantas lojas de roupa? Se a experiência passada noutros locais servir para alguma coisa, sabemos que a resposta é que pouco comércio local restará. Um supermercado é uma espécie de eucalipto económico, suga tudo à volta e seca a concorrência do pequeno comércio das redondezas.
Como sempre dizemos, tudo muda e nada fica para sempre. Neste local já existiu o Teatro Circo Real Coliseu de Lisboa (inaugurado em 1887), uma estação dos Correios e Telégrafos (inaugurada em 1917) e a Garagem Auto Lis (construída em 1933), com lojas diversas no rés-do-chão. Agora é a vez da Sonae.