Traficâncias arqueológicas

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O mais recente artigo de Cândido Ferreira sobre traficâncias arqueológicas gerou polémica, principalmente entre os profissionais dessa área. Trata-se, provavelmente, de uma reação corporativa. Ninguém quer ser arrolado nos que prevaricam.

Logo no início do artigo, Cândido Ferreira diz que “a presente pandemia, ao agravar a crise financeira e ao restringir o tráfego internacional, realçou uma evidência que há muito venho denunciando: o património arqueológico lusíada, em prejuízo da ciência histórica e da nossa identidade cultural, continua à mercê de oportunistas e pilha-galinhas”.

Ainda assim, pelas reações evidenciadas, alguns arqueólogos não perceberam o significado da expressão “que há muito venho denunciando”. Foi o caso deste leitor, que deixou dois comentários no Duas Linhas:

Outros, alimentaram a discussão noutras plataformas de comunicação, nomeadamente nas redes sociais. Mas sempre alimentando o mesmo equívoco de que Cândido Ferreira estaria a denunciar esta situação pela primeira vez: “entendo que a liberdade de expressão de uma crónica não autoriza a que, sem evidência explícita, se enlameie a dignidade de quase toda uma classe profissional. Se o Dr. Cândido Ferreira está, na verdade, de posse de informações tão graves, só tem um caminho: dirigir-se (por esta ordem) à Polícia Judiciária e à DGPC. Depois (admitindo que não o fez até agora), terá certamente mais autoridade para certo tipo de apreciações e comentários”.

O autor do artigo vem, agora, esclarecer o seguinte:

1 – Tenho por hábito, inviolável, nunca discutir na praça pública com quem, sem pedir esclarecimentos, envereda por ataques descabidos ou infundamentados.

2  – Cidadão observador das leis, certamente que há muito alertei a PJ para irregularidades e “vazios legais”, tendo, em sequência, até merecido a honra de ser chamado a “peritar” uma coleção muito polémica, tal como está claramente indiciado no meu primeiro artigo sobre este tema, publicado no “DUAS LINHAS” e que deve ter passado despercebido.

3 – O mesmo acontece em relação ao Ministério da Cultura e ao Instituto dos Museus e Conservação, que até já emitiram pareceres sobre algumas coleções por mim doadas ou a doar, certamente com o conhecimento da aludida DG .

4 – Animado de boa vontade, e dotado de bom feitio, sempre estive aberto a aprender com quem sabe e empenhado em esclarecer quaisquer equívocos e dúvidas de natureza técnico-científica.

5 – Quem vier por bem, pode contatar-me para candido.mferreira@gmail.com.

Assinado: Cândido Ferreira

2 COMENTÁRIOS

  1. Dos vazios legais, na Arqueologia, noutras ciências e em diversas matérias do país, em geral, todos nós sabemos. É uma infeliz realidade com a qual lidamos e lutamos para que tal venha a ser mudado.
    Quanto às ofensas a uma classe académica / profissional, estão bem legíveis. Não é por haver alguns maus profissionais, arqueólogos, médicos, etc., que toda uma classe deva ser posta em causa, esses casos devemra ser denunciados às respectivas autoridades e não no enxovalhamento público.
    E chegamos aos materiais arqueológicos. Não há Arqueologia sem contextos arqueológicos e não há trabalhos arqueológicos que possam ser feitos por outras pessoas que não arqueólogos, com as respectivas autorizações da DGPC ou das DRC’s.
    Não estará, por desconhecimento (a tal ignorância referida anteriormente), o senhor em questão a fazer confusão sobre o que são os arqueólogos, qual o seu trabalho e as suas metodologias?
    Quando o senhor em questão viu um sítio arqueológico ser destruído ele contactou a DGPC ou alguma DRC? E o que fizeram?
    Se algo está errado há que apontar o dedo, com provas e fundamentação. É assim em tudo na vida, não só na Arqueologia.

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