Os saloios estão a desaparecer

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Os saloios extinguem-se devido à destruição do seu habitat: os campos agrícolas a norte de Lisboa. A cidade avança e os saloios diluem-se na multidão heterogénea e cosmopolita. Não há saloios nas avenidas novas.

Os últimos espécimes desta “tribo” estão nas poucas aldeias que restam nos vales e cumes de Loures, Sintra e Mafra, mas já são poucos e quase todos velhos. Os campos agrícolas que abastecem a grande cidade estão cada vez mais longe, para lá de Torres vedras ou algures na China.

A origem do saloio é discutível. Quando Portugal se formou, chamavam-se “çaloios” ou çala” às pessoas que viviam nos campos à volta de Lisboa. O primeiro imposto cobrado a esses “çaloios” pelo primeiro Rei de Portugal foi pão cozido.

Até ao final do século XX os saloios viviam da agricultura, praticada em hortas e pomares, e do comércio de produtos agrícolas em mercados e na cidade de Lisboa. Nas feiras, os saloios misturavam-se com outras “tribos”, ciganos e outros tendeiros, eram todos eles que faziam mexer a economia da região. A feira da Malveira é, ainda hoje, um exemplo deste ambiente, onde os agricultores locais vendem hortícolas a quem passa e compram roupa e sapatos aos ciganos.

O tempo que passa transforma modos de vida, acaba com tradições e mata. O Ti Mafra morreu ontem. Morreu o último saloio da aldeia do Funchal.

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