O fabuloso Palácio da Ópera-Tejo está escondido na ala poente do Terreiro do Paço. Foi mandado construir por D. José l, no tempo das “vacas gordas”. Inaugurado em 31 de Março de 1755. Durou apenas 8 meses, por causa do terramoto de 1 de Novembro do mesmo ano. Tinha capacidade para 600 pessoas, 38 camarotes e tribuna real. E deslumbrava pelo “muito ouro em ornatos“.
Depois do terramoto, as ruínas da Ópera-Tejo foram incorporadas num novo edifício no extremo da ala poente do Terreiro. Prolonga-se pelo actual edifício da Rua do Arsenal em direcção ao Cais do Sodré, ocupado pela Marinha.
Basta entrar no Pátio da Galé e olhar os arcos e meios-arcos. Os arquitectos da Baixa Pombalina ainda sonharam em reconstruir a fabulosa opera. A fama tinha corrido pela Europa fora, após a estreia de “Alessandro nell’Indie” de David Perez (que teve em cena 400 pessoas entre cantores e figurantes, o que mostra a grandiosidade do teatro), com libreto de Pietro Metastasio. O Marquês de Pombal achou não serem tempos para luxos. E fez mal.
Aline Hall, uma mulher inteligente e teimosa, teimou em fazer do edifício da Marinha um museu da ópera. Ficaria ali o luxuoso guarda-roupa do Teatro S. Carlos, que um dia poderá arder com tantos cenários e adereços. É a nossa sina. O fogo levou-nos a Igreja de S. Domingos, A Escola Politécnica, o Teatro D. Maria II. E fiquemos por aqui. Que tal fazer restaurar o que resta da Ópera-Tejo? Tirando de lá a Marinha.
Há cerca de 7 anos, a Universidade de Évora desenvolveu um projeto de arqueologia virtual, com a “reconstrução” de edifícios e locais destruídos pela terramoto de 1755. Se quer ter uma visão do que foi a Ópera de Lisboa do século XVIII, veja este vídeo: