A filha mais nova de José Eduardo dos Santos sente-se em perigo. Vive com medo. Diz estar a ser ameaçada de morte e reagiu nas redes sociais denunciando as alegadas ameaças. Em causa, uma hipotética influência de Tchizé na organização de manifestações de protesto em Luanda como, por exemplo, a que ocorreu no passado dia 11 de novembro e que foi reprimida com violência pela polícia.
No Facebook, Tchizé “avisou” que já tinha tomado providências para a eventualidade de alguma coisa lhe acontecer (texto que repetiu no WhattsApp para determinados contactos).
A referência ao “27 de maio” é elucidativa. Tchizé lembra o massacre de milhares de pessoas em Angola, presumíveis seguidores de Nito Alves, acusados de tentar um golpe de Estado e de pretenderem assassinar o Presidente Agostinho Neto.
Por cá, os negócios da irmã Isabel não estão a correr bem. Afastada da NOS e da EFACEC, Isabel dos Santos viu o juiz Carlos Alexandre aceitar o arresto de bens a pedido das autoridades angolanas, num litígio jurídico em que Angola pretende ser ressarcida por desfalques e desvios de dinheiro que Isabel dos Santos nega ter praticado.
Tchizé dos Santos saiu de Angola depois de ter sido afastada do cargo de deputada do MPLA, acusada de “conduta que atenta contra as regras de disciplina”.
O irmão de Tchizé, José Filomeno ‘Zenu’ dos Santos, foi condenado, a 15 de Agosto, a cinco anos de prisão, pelo Tribunal Supremo de Angola, pela prática dos crimes de burla e tráfico de influências quando era presidente do Fundo Soberano.
O cunhado de Tchizé, um congolês rico e poderoso, morreu a 29 de Outubro num alegado acidente de mergulho, em circunstâncias que muitos classificaram de “estranhas”.
Junta-se ainda a este rol de desgraças, a morte do gestor dos negócios de Isabel, Nuno Ribeiro da Cunha, em Janeiro. Apareceu enforcado após a revelação dos negócios complicados da filha mais velha do ex-presidente de Angola.
Agora, Tchizé dos Santos parece recear ser a próxima vítima de um longo e misterioso braço que está a cercar a família de José Eduardo dos Santos.
Tchizé dos Santos é muito popular nas redes sociais, com milhares de seguidores. Não parece ter grande atividade no Twitter, mas no Facebook publica com frequência vídeos e memórias de “antigamente”. Tem muitos comentários de apoio (há muitos angolanos descontentes) mas também tem muitas ameaças, eventualmente inconsequentes.
Os próximos dias são muito incertos para a família que esteve à frente de Angola durante 38 anos. Mas enquanto estiverem em Portugal, a segurança destes cidadãos é uma matéria de Estado que deve ser acautelada não só pelas polícias, da PSP e GNR até aos serviços secretos, mas também nos gabinetes diplomáticos. Depois deste alerta feito por Tchizé dos Santos, não há como o Estado português alegar que desconhecia a situação.
JRR/CN (atualizado às 10:24)