Portugueses combatem em Moçambique

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Há militares portugueses na reserva envolvidos em Moçambique, no conflito islâmico extremista que atormenta agora as populações. É um segredo bem guardado.

Em tempos voei para Maringué ao encontro de Afonso Dhlkama, presidente da Renamo. Tive o apoio da Dinfo, do tenente-coronel Diogo das Informações militares do Exército português. Durão Barroso sabia, era secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Cavaco Silva.

Voltei à Gorongosa várias vezes. O processo de Paz foi concluído, com a ajuda do braço musculado do Vaticano, a Comunidade de Santo Egídio. Afonso Dhlakama mudou-se para Maputo. “E se me dão uma bazucada no prédio?” O assunto resolveu-se com os GOEs.

Os militares portugueses gozam de grande prestígio no norte de Moçambique. Naquela época, as mercearias tinham muitos produtos portugueses. Entrei pelo Malawi do ditador Banda. Voei com um padre que não era padre, num “Piper Azetec”. Com poucos instrumentos a funcionar e com falta de rebites nas asas. O oficial de segurança do presidente da Renamo era Mateus, neto de Gungunhana.

“O tenente-coronel Diogo é meu irmão”- emocionou-se Dhlakama. Andei com dois companheiros a pé 30 dias para trazer imagens da verdadeira RENAMO.

Quando Dhlakama saiu de Maputo disseram-lhe: “Não leve telemóveis!”. Cercaram-no em Maringué. A diplomacia deixou morrer Dhlakama. Abriu-se logo o vespeiro dos desmobilizados, dos descontentes, das comunidades islâmicas e dos régulos, que Dhl respeitava e unia.

O porte de uma arma dá bom senso a um militar. Os hotéis toldam a lucidez aos diplomatas. Sem o meu amigo Dhlkama, os militares portugueses terão grandes dificuldades em serenar os povos do norte que julgam que a fome se resolve com o Islamismo extremista. 

Afonso Dhlakama com o jornalista José Ramos e Ramos

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