Caos nas urgências do Hospital Amadora-Sintra

Relato de uma noite mal passada numa urgência hospitalar em época de pandemia.

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É um caos. Ninguém se entende nas urgências do Hospital Amadora-Sintra. E a culpa é do próprio hospital, não é do covid-19.

Os doentes dão entrada nas Urgências e daquela porta para dentro é outra república. Há casos em que os doentes ficam mais de 14 horas internados, sem nada ser dito às famílias. Os acompanhantes aguardam, desesperam e pedem o livro de reclamações.

Um doente de 93 anos entra às 3 da manhã neste hospital. Vítima de um queda grave, com perda de consciência e dois enormes hematomas na cabeça. Durante 16 horas nada é dito ao filho que o acompanha e desespera. Qual é o estado de saúde? Vão fazer o quê? Ainda está vivo?

A menina do guichet desdobra-se em justificações, atrás de uma protecção atamancada, com fita de pintura a tapar os buracos.

São 22 horas, já passaram 19 horas sobre o entrada na urgência do senhor de 93 anos, de pace-maker, de hematomas gigantes na cabeça e a funcionária condói-se, finalmente, e vai saber o que se passa.

No nosso País muitos médicos são prepotentes. Começam logo por tratar o doente por tu, enquanto o doente os vai tratando por senhor doutor.

Afinal o homem de 93 anos estava em observação, adianta com alívio a gentil funcionária, que parece estar à beira de um ataque de coração.

As reclamações sucedem-se no livro. O ambiente é de justificada exaltação. Mas para além da senhora do guichet não há mais ninguém. Nem médicos, nem administração e muito menos o relações públicas que não se rala. Mesmo sendo um amigo a falar-lhe ao coração, para ajudar toda aquela gente aflita.

E em resumo. Este caos diário acontece porquê? Porque o senhor relações públicas está na sua vidinha, os médicos não têm tempo para falar com a plebe e não existe um administrativo para trazer o relatório médico actualizado do doente. Relatório a que temos direito e é de bom senso. De duas em duas horas.

Muda o turno médico. Passam os senhores doutores e senhoras doutoras. E lá vão, sem sequer dizer uma “Boa Noite”.

Mas afinal o voto destes senhores não é igual ao nosso? Não somos nós que lhe pagamos o salário com os nossos impostos? Acham-se muito importantes, porque a nossa vida depende deles. E se os doentes não lhes servissem jantares, não instruíssem os seus filhos, não recolhessem o seu lixo, não limpassem as suas casas? Eles continuavam a ser importantes?

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