A partir de 3 de setembro, a hotelaria não pode continuar a utilizar plásticos descartáveis nos restaurantes e similares. Nem pratos, nem palinhas, nem colheres de café, nem copos, tudo está proibido pela Lei aprovada há um ano pela Assembleia da República cujo tempo de transição termina agora.
Mas a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal – AHRESP – está a fazer pressão no sentido de adiar esse prazo. O argumento é o covid-19 e as dificuldades que a pandemia está a provocar no setor que serão agravadas caso a Lei em questão entre em vigor.
A AHRESP pretende, assim, chutar a Lei para daqui a 9 meses, a ver se entretanto a situação do setor se recompõe.
Além de não explicar em que medida o fim dos plásticos irá agravar o problema da restauração que, basicamente, é de falta de clientes e dos constrangimentos provocados pelas regras de distanciamento e higiéne no interior dos estabelecimentos, a AHRESP parece esquecer que se trata de uma diretiva europeia sobre plásticos descartáveis que o Estado português tem de acatar.
De qualquer forma, a AHRESP já solicitou esta alteração à secretaria de Estado do Ambiente e, agora, espera pela resposta do Governo.
Neste relato factual abrimos um parêntese para dizer que só poderá concordar com esta ideia da AHRESP quem nunca entrou numa central de tratamento de resíduos urbanos. A imensidão das montanhas de plásticos não recicláveis desafia a imaginação de quem quer que seja. Fechamos o parêntese.
Há dias, o ministro do Ambiente e da Ação Climática reiterou como fundamental a transposição da diretiva sobre plásticos descartáveis, que o Governo quer implementar em setembro, mas admitiu que a covid-19 “perturbou” esse trabalho.
O ministro Matos Fernandes prometeu respostas concretas dentro de dias, o que é uma espécie de inevitabilidade, uma vez que a Lei em questão entrará em vigor, ou não, dentro de poucos dias.