Diz-se a verdade e eles dizem que os insultamos…

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Diz o nosso povo que, uma vez médico, se é médico para sempre. Em janeiro de 2020, ainda a “convalescer” de uma longa e trepidante carreira, não imaginava que pudesse voltar a ser atacado pelo “vírus da medicina. Até surgirem rumores de que uma nova “gripe” assolava a China…

As notícias eram escassas, mas o meu “faro clínico” cedo alertou que dessa vez era a sério.

Sem vacina no horizonte, nem tratamento eficaz, a doença evoluía com quadros clínicos graves e inesperados, revelava-se altamente mortífera e, pela sua alta contagiosidade, obrigava as autoridades chinesas a medidas sanitárias drásticas. E foi assim, contra as orientações da OMS – que nesse mês realizou dois plenários naquele país – que, logo em finais de janeiro, suspendi todas as viagens aéreas de longo curso.

Com a atenção focada em outras áreas desconhecia, então, que a OMS já não se rege por critérios ético-científicos e está refém de interesses político-económicos que, desde há anos, têm como testa-de-ferro uma personagem sem formação técnica e que, perante uma ONU atenta, nem sequer se livraria da acusação de genocídio.

Denunciada por mim, logo em março, a não testagem de cortisona e a insistência em “brinquedos caros” era bem reveladora da desregulação global.

Em junho, a ciência inglesa, a mais fiável do mundo, veio confirmar que, se introduzida a tempo nos protocolos, a “minha” cortisona teria permitido salvar cinco mil pessoas, só no Reino Unido.

Ponto final, isto e muito mais foi publicado nos raros espaços que acolhem a minha voz.

O alastrar da pandemia, nas semanas seguintes, depressa me levou a concluir que raros países estavam preparados para enfrentar aquilo que designei como guerra biológica.

Portugal não constituía exceção e, logo no início de março, com o vírus a causar horrores na vizinhança, denunciei graves falhas, erros e omissões na frente de comando, que demonstravam total ausência de estratégia no combate à peste. As máscaras, que “decretei obrigatórias” e que estavam esgotadas muito antes do primeiro caso, a precipitada fuga do Presidente da República sem plano de contingência para Belém, o desprezo pela formação da proteção civil em favor da aquisição de ventiladores e o irrealismo de muitas medidas foram algumas das anedotas que contei. 

Alarmada com tanta bagunça, em 19 de março a Ordem dos Médicos entendeu promover um encontro onde a nata da ciência portuguesa também subscreveu conclusões desoladoras e propôs uma coordenação urgente, sob um pequeno gabinete de crise responsável. Instrumento que, na verdade, nunca funcionou, desdobradas que foram as responsabilidades por dezenas ou centenas de boys e girls que, na sua esmagadora maioria, nada percebem dessas matérias e nem uma capoeira saberão gerir.

Percebia-se, claramente, que as orientações eram determinadas pela política e não pela técnica, enquanto se assistia ao silenciamento da OM e do Sindicato Independente, quando este também quis intervir.

Embora coxeando atrás do prejuízo, a primeira fase do embate até nem correu tão mal como se previa, perspetivando um desconfinamento seguro e um grande evento de futebol, para Lisboa. Um “verdadeiro milagre”, quando a DGS insistia que a máscara “dava uma falsa sensação de segurança” ou o PR, eternamente em bicos de pés, dizia que tinha passado a usar máscara… “por conselho dos netos”.

Em maio, ainda não podia imaginar que esse “especialista” se iria tornar no porta-voz oficial do Infarmed, a cujas reuniões, entretanto suspensas, ia e recolhia umas dicas com que a comunicação social animava o pagode.

Ainda sem rei nem roque, mas acreditando que o PM ganhara, entretanto, uma boa folga para pôr ordem na “capoeira”, até previ um desconfinamento feliz. Já pedi desculpa por me ter enganado e peno agora momentos desoladores num Algarve quase deserto que, nos últimos 55 anos, só não visitei nos anos em que não pude gozar férias.

E como queremos ter aqui espanhóis, se o concelho de Reguengos, ao contrário de Ovar, Açores ou Madeira, onde foram implementadas as devidas medidas, é hoje notícia em todo o mundo pelas más razões?

Se a TAP continua no chão, de quarentena tal como o avião presidencial, mas vai receber biliões e nem sequer foi requisitada para o repatriamento dos portugueses espalhados pelo mundo?

Sabiam que o apoio a outras companhias congéneres está dependente de preços de saldo nas viagens para destinos turísticos?

Percebem as profundas razões da crise atual, em que até as forças de segurança incumprem a obrigatoriedade do uso de máscara? Enquanto, sem nenhuma evidência científica, se proíbe o ar condicionado em unidades hospitalares?

Andam a gozar connosco mas, quando lhes atiro estas verdades, eles nem pestanejam.

Na sua superior sabedoria, “cortam-me o pio” e fabricam à pressa outras notícias.

E a grande notícia de hoje é que o grande culpado da crise que alastra pelo nosso país já nem é o D. Afonso Henriques mas, sim, o Juiz Carlos Alexandre…     

Por favor, não insultem mais as nossas inteligências!

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