Correspondentes e a condecoração em falta

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Como já aqui dissemos, a RTP possui uma rede de correspondentes que pode fazer a diferença, se bem aproveitada. Não é o caso.

Nos Açores e na Madeira, por exemplo, a TV pública possui centros de produção próprios onde trabalham muitas dezenas ou mesmo centenas de profissionais. Por cá, no Continente, desconhecemos em absoluto o que se passa em ambos os arquipélagos. São semanas a fio em que não surge, nos principais noticiários da RTP, uma única notícia sobre aquelas regiões autónomas. Aparecem quando há tragédias ou campanhas eleitorais. Pouco mais.

Não tenho memória das últimas notícias relativas a Cabo Verde, São Tomé, Guiné-Bissau e Timor-Leste. Será que ainda por lá existem correspondentes? Temos, de vez em quando, notícias de Angola e de Moçambique. Mas são poucas e não são as notícias que interessam. Matéria é coisa que não falta. Falta é iniciativa aos próprios correspondentes e a quem, em Lisboa, deve “puxar” por eles. São delegações que, em vencimentos, instalações e transportes, ficam bem caras à empresa pública. 

O contributo dos correspondentes é essencial para os telespectadores perceberem os acontecimentos e o respectivo contexto. Há dias, Luís Costa Ribas, correspondente da SIC nos EUA, foi entrevistado por Júlio Magalhães no Porto Canal. Ao longo de uma hora, Costa Ribas explicou muito dos meandros da política americana, da sua complexidade e da realidade social naquele País. Um bom diálogo em televisão, o que vai sendo raro.

Só me ocorre, em contraponto, a entrevista a Bruno de Carvalho na TVI. Um desastre de meia hora, finda a qual ficámos sem perceber o que foi o homem fazer a Queluz de Baixo. Era de prever. E o entrevistador escusava de se ter exposto daquela forma.

Os bons momentos em TV fazem-me recordar, por vezes, Emídeo Rangel. Ao qual associo Eduardo Oliveira e Silva, que há anos manifesta a sua perplexidade pelo facto de o homem que construiu a SIC e a TSF não ser condecorado. Nem em vida nem a título póstumo. Estamos próximos das datas de nascimento e da morte de Emídeo Rangel. Seria uma boa altura, em qualquer das datas, para Marcelo Rebelo de Sousa exorcizar os seus fantasmas e corrigir um erro que tarda em ser corrigido.

Excelente, o trabalho da jornalista Lígia Marta (TVI), a propósito do Hospital São João, no Porto. Uma reportagem capaz de surpreender, em vários momentos. Uma pérola, nos tempos que correm.

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