Começou por ser um protesto contra a carestia da vida, depois de um aumento brutal do preço dos combustíveis que arrastou um agravamento geral dos preços de tudo. A gota que fez transbordar o copo foi uma greve de transportes em Luanda.
Sem maneira de se deslocarem das periferias para a cidade, onde uns vendem pelas ruas e outros têm emprego fixo, a população começou a manifestar-se, aparentemente de modo espontâneo. As pilhagens são consequência habitual deste tipo de protestos.


A Polícia Nacional de Angola costuma reprimir com violência alterações da ordem pública e isso voltou a acontecer. Até porque o que no início era um protesto genuinamente apartidário, depressa passou a ter ações com mensagem política, como, por exemplo, a destruição de outdoors com propaganda do Governo e do Presidente da República.


No choque com as forças policiais, resultaram centenas de feridos e quatro mortos, ainda não confirmados. Informações pelas vias oficiais ainda são escassas, as redes sociais transbordam com vídeos onde se relatam momentos de violência.
Depois vieram as pilhagens e a destruição de viaturas na via pública. Perseguições da população a pessoas identificadas como militantes ou apoiantes do MPLA.
Até quarta-feira, último dia da paralisação dos transportes, a Polícia vai reforçar o dispositivo nas ruas de Luanda.
No início deste mês, o preço do gasóleo passou de 300 para 400 kwanzas por litro (0,28 para 0,37 euros), no âmbito da retirada gradual pelo Governo do subsídio aos combustíveis, iniciada em 2023, levando a um reajuste das tarifas dos transportes públicos.
Face à subida do preço do gasóleo, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) passou de 200 (0,19 euros) para 300 kwanzas (0,28 euros) o preço do serviço de táxis colectivos (transporte ocasional de passageiros) e de 150 (0,13 euros) para 200 kwanzas a tarifa do serviço de autocarros urbanos.
Boa parte da população vive com menos de 1 euro por dia.
Há notícia de protestos e distúrbios noutras cidades e regiões do país, embora de menor dimensão.