ESCOLA DA VIDA

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Sem retirar mérito a ninguém mas depois de ter assistido a quatro espetáculos que integram a edição deste ano da Bienal Internacional de Marionetas de Évora (BIME 2025), temos de dizer que a Compagnia Dromosofista, com o espetáculo “Antipodi” nos encheu as medidas.

Uma atuação estrondosa no interior de um camião fechado onde cabem apertadinhos 35 ou 36 espetadores e 3 magníficos atores.

“Antipodi” é constituído por uma sucessão de quadros teatrais, onde os atores contracenam com bonecos, misturam-se com eles ao ponto de por vezes não sabermos bem se são gente se são bonecos e ainda tocam vários instrumentos musicais.

O espetáculo é um discurso metafísico, sem palavras, com figuras em miniatura, sombras chinesas, manipulação de objetos e teatro físico. Uma espécie de viagem surreal aos “antípodas” do mundo.

A proximidade com o público é um dos segredos deste espetáculo. Estamos tão próximos de tudo que vemos com nitidez as expressões faciais, os contornos dos corpos, por vezes num jogo de luzes filtradas por panos, quadros de uma criatividade narrativa supreendente e encantadora. O público não pode gravar imagens, pelo que não é possível mostrar aqui a beleza cénica em que tudo evolui.

QUEM SÃO ESTES ITALIANOS

A Compagnia Dromosofista é uma criação familiar que já vai na segunda geração. Herdaram o saber fazer dos históricos Girovago & Rondella, os criadores dos Teatri Mobili, os “teatros móveis” itinerantes montados dentro de um autocarro e de um camião. Têm dois espetáculos principais, “Manoviva” (autoria de Girovago & Rondella) e “Antipodi” que acabámos de descrever.

A atual Compagnia Dromosofista iniciou em 2007 por Rugiada, Timoteo e Tommaso Grignani (filhos dos fundadores do Teatri Mobili), em colaboração com os irmãos argentinos Facundo e Santiago Moreno, “Dromosofia” é a palavra que inventaram, união do grego “dromo” (rua) e “sofía” (sabedoria), síntese da procura por encontrar na estrada a inspiração e a escola da vida.

BIME 2025

O festival de teatro de marionetes decorre um pouco por toda a cidade de Évora e não apenas nos palcos do Teatro Garcia de Rezende. Jardins, bibliotecas, ruas e largos disponibilizam espetáculos com marionetas para todos os que quiserem ver. São 28 companhias e grupos de teatro de todo o mundo, que a organização trouxe para o evento deste ano.

O festival fecha com um espetáculo dos Bonecos de Santo Aleixo, na Praça do Giraldo, hoje à noite. Depois disto, só há mais daqui a dois anos.

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