UMA VERGONHA

Quando um homem se põe a pensar na possível explicação para o silêncio dos media dos países ocidentais, regimes democráticos, quanto aos sucessivos ataques israelitas, detenção de palestinianos, assassinato de civis, em localidades da Cisjordânia, bem pode chorar de vergonha.

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Muitos países ocidentais, EUA e alguns membros da União Europeia, têm alianças políticas com Israel. Umas vezes motivadas por complexos de culpa históricos, outras vezes apenas porque o negócio é lucrativo.

A forma como os conflitos são enquadrados influencia a cobertura mediática. Em muitos casos, a narrativa de segurança nacional de Israel recebe mais atenção do que as violações de direitos humanos contra os palestinianos. Organizações pró-Israel exercem influência significativa sobre governos e meios de comunicação, o que pode resultar numa cobertura mais favorável ou numa omissão de críticas mais diretas.

A dualidade de critérios é evidente. Por vezes até parece que se trata de uma questão racista, por um dos lados ser árabe. Infelizmente, a questão racial é um elemento que não pode ser descartado nesta ponderação.

Há uma tendência histórica, especialmente em algumas democracias ocidentais, de representar populações árabes e muçulmanas de forma estereotipada ou desumanizada. Isso afeta a forma como o sofrimento dessas populações é tratado, muitas vezes com menos empatia ou urgência. Quando ataques ou violações de direitos humanos atingem civis palestinianos, a indignação global nem sempre é proporcional à gravidade dos factos, ao contrário do que se verifica noutras situações, especialmente quando as vítimas são ocidentais ou pertencem a grupos mais próximos culturalmente dos países dominantes na esfera mediática ocidental.

Esta dualidade de critérios também se reflete nas reações políticas. Por exemplo, em conflitos envolvendo nações ou populações árabes, há uma tendência para associar resistências locais ou movimentos políticos à violência ou ao terrorismo, enquanto ações de Estados aliados do ocidente são mais frequentemente enquadradas como legítima defesa ou operações de segurança.

A combinação de factores políticos, mediáticos, culturais e raciais ajuda a explicar essa dualidade de critérios. A questão, claro, é complexa, mas a diferença de tratamento entre vítimas e lados envolvidos em conflitos evidencia uma desigualdade na forma como a humanidade e os direitos dessas populações são reconhecidos.

Uma vergonha.

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