“Os reclusos muçulmanos do Estabelecimento Prisional da Carregueira fazem as suas orações, todas as sextas-feiras, no Salão Polivalente da cadeia, entre as 14 e as 15 horas. Neste período de Ramadão os representantes da Mesquita Central de Lisboa tiveram autorização para falar com os seus fiéis, pelas 15.30, no parlatório, hora que solicitaram para não se sobrepor à oração. No entanto, quando os reclusos se dirigiram, às 14 horas, para rezar, foram informados que não tinham autorização para tal já que haveria reunião mais tarde. Para cúmulo, também não havia autorização para que todos pudessem falar com os representantes da mesquita tendo sido autorizados somente metade deles”, relato da Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso (APAR), em comunicado.
O Ramadão é o periodo mais sagrado durante todo o ano para os seguidores do islamismo. Tão sagrado como a Páscoa para os católicos, o Aseret Yemei Teshuva para os judeus ou o Maha Kumbh Mela dos hindus. Qualquer perturbação nestes periodos pode ser considerada uma ofensa ou provocação. De certo modo, é assim que se sentem os reclusos muçulmanos.
Este ano, pela primeira vez, a direção desta prisão proibiu a entrada de tâmaras durante o Ramadão. Não se sabe qual a razão, mas provavelmente será algum argumento ridículo. Pelos preceitos muçulmanos, a tâmara é o primeiro alimento depois dos jejuns diários.
O comunicado da APAR diz que “há uma revolta generalizada destes reclusos, que se sentem discriminados e não entendem estas decisões.”