AS OPÇÕES ERRADAS DA EUROPA

0
820

O conflito na Ucrânia não se limita ao país invadido, envolve boa parte do mundo ocidental, com a União Europeia e os EUA e, ainda, outros membros da NATO, que prestam apoio direto à Ucrânia.

Esse envolvimento não se limita a injetar dinheiro na economia ucraniana, vai desde o acolhimento de milhões de refugiados fugidos da guerra, fornecimento de armamento de todo o tipo, informações militares, treino de soldados ucranianos, até à presença de combatentes de várias nacionalidades europeias e norte-americanos, uns como voluntários e outros como instrutores ou conselheiros militares. A Rússia não combate apenas contra a Ucrânia, é um facto comprovado.

O factor militar e as sanções económicas e políticas, levaram a Rússia a procurar apoios noutras paragens. Os líderes da UE devem estar acostumados a olhar para o mapa do mundo com a Europa ao centro e não repararam que a Rússia tem fronteira com a China e que os dois juntos atingem uma escala demasiado grande.

A estratégia ocidental é um erro, desde o início. É um tiro que saíu pela culatra. Empurraram a Rússia para os braços da China. Antes da guerra na Ucrânia, Moscovo e Pequim tinham uma relação pragmática, mas com certo grau de desconfiança mútua. A Rússia sempre teve receios da influência chinesa na Sibéria e na Ásia Central, enquanto a China via a Rússia mais como um fornecedor de recursos do que um aliado estratégico.

As sanções e o isolamento económico só podiam ser minoradas se a Rússia se aproximasse da China. Foi o que aconteceu. Como num jogo de xadrez, Putin defendeu-se com um roque e continuou a sua guerra.

Agora, a Rússia vende energia barata para a China  que, assim, tem condições únicas para financiar o seu próprio desenvolvimento económico. A cooperação militar entre os dois países aumentou, com exercícios conjuntos e trocas tecnológicas. A China ganhou um parceiro muito rico em matérias primas e bastante dependente do mercado chinês para manter a funcionar a sua economia.

Se o objetivo do Ocidente era conter tanto a Rússia quanto a China, o resultado foi o inverso. Uniu dois rivais estratégicos enquanto que os EUA se distanciaram da Europa, em termos de cooperação e entreajuda. Enquanto a aliança a Oriente se fortalece, a aliança a Ocidente enfraquece. O Ocidente pode ter bastantes dificuldades a longo prazo, especialmente porque a China tem ambições muito maiores do que a Rússia em termos de reconfiguração da ordem global.

Aos líderes europeus faltou-lhes visão estratégica. Deixaram-se levar pela velha e desatualizada cartilha anticomunista da guerra fria. Logo no início da guerra na Ucrânia, teria sido mais inteligente tentar um acordo com a Rússia, mantendo-a como um contrapeso à China e salvando a Ucrânia da destruição. O Ocidente escolheu outro caminho que agora parece difícil de reverter. Num futuro próximo, os povos da Europa vão pagar caro pelos erros dos dirigentes que têm hoje.

composição gráfica alusiva à guerra na Ucrânia

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui