VIOLÊNCIA VERBAL NA SALA OVAL

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Depois do desastroso encontro de Trump com Zekensky na Casa Branca, em Washingtron, o futuro da Ucrânia não parece brilhante, mas o futuro do Presidente da Ucrânia parece bem pior.

Nunca antes se tinha visto uma discussão tão azeda em direto nas televisões entre dois Presidentes.  Trump e Zelensky envolveram-se numa discussão acalorada. Trump acusou Zelensky de “brincar com a terceira guerra mundial” e de não estar disposto a fazer concessões necessárias para a paz, sugerindo que a Ucrânia deveria ceder território à Rússia para encerrar o conflito. Zelensky, por sua vez, rejeitou firmemente qualquer compromisso com Moscovo.

Para já, a guerra continua. Mas se Trump não suavizar o seu mau feitio, a Ucrânia vai sentir grandes dificuldades com a logística militar. Alimentar uma frente de batalha não se resume a rações de combate para os homens. É preciso armamento, muitas munições, acesso a tecnologias de ponta em comunicações militares e no cálculo de tiro, por exemplo. Sem o apoio dos EUA, fica a Europa sozinha a fornecer esses instrumentos ao exército ucraniano. Não será a mesma coisa.

Para Zelensky pode ser o fim da sua carreira política. Incapaz de negociar com o principal apoio que a Ucrânia tem tido nestes três anos de guerra, pode até vir a ser acusado de negligência pela opinião pública do seu próprio país. É verdade que o acordo proposto por Trump mais parecia um assalto à mão armada, mas teria sido importante para o Presidente ucraniano evitar uma exposição pública tão desastrosa.

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Houve falta de preparação, para uma discussão que se previa difícil. E Zelensky não deveria ter aceite discutir em inglês, uma vez que não tem o domínio suficiente dessa língua para argumentar com rapidez e clarividência. Faltou-lhe o apoio de um tradutor. Teria servido para quebrar o ritmo da discussão e, falando em ucraniano, Zelensky teria utilizado o vocabulário e o tom que aquele momento de tensão requeriam. É verdade que Trump não tem o dom da oratória, mas JD Vance não é tão tosco e Zelensky foi surpreendido ao ser confrontado com as dificuldades no recrutamento militar obrigatório, nos esquemas da propaganda de guerra, argumentos que o vice-Presidente dos EUA esgrimiu como se estivesse num debate com um adversário político.

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Os líderes europeus apressaram-se a enviar mensagens de apoio ao Presidente ucraniano, que podem também ser entendidas como condolências. Zelensky tem tido lições sucessivas de hipocrisia política e já deve saber que apoios palavrosos são fácilmente descartados.

Nos ‘states‘, os republicanos e apoiantes de Trump celebram um Presidente que diz pôr os interesses dos EUA acima de tudo, embora por vezes os interesses particulares do próprio Presidente se confundam com os outros. Mas, a verdade é que Trump não conseguiu concretizar o acordo que iria permitir aos EUA controlar as reservas de minério e hidrocarbonetos da Ucrânia. A coisa pode ser entendida de duas maneiras: incompetência negocial derivada da arrogante perspetiva que tem sobre os seus interlocutores ou desprendimento de quem na realidade não precisa de se chatear com umas minas de lítio, quando o que ele quer é ficar na História como “o pacificador”…

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