INTERESSES DAS POTÊNCIAS À CUSTA DOS DIREITOS HUMANOS E DA EUROPA

As chamadas revoluções coloridas são movimentos de oposição política que, na prática, resultaram na substituição de governos antiamericanos por regimes pró-ocidentais ou pró-NATO. Exemplos incluem a Revolução Rosa na Geórgia (2003), a Revolução Laranja na Ucrânia (2004-2005, com ecos na Revolução da Dignidade de 2014), a Revolução das Tulipas no Quirguistão (2005), etc. Recentemente, tentativas similares ocorreram na Bielorrússia, novamente na Geórgia e na Roménia. Embora as populações tenham o direito de lutar por liberdade e direitos humanos, o financiamento estrangeiro de tais movimentos serve frequentemente interesses imperialistas, mas não o bem-estar dos povos.

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Na era de Trump os conservadores mostram à luz do dia e descaradamente o que a esquerda socialista fazia hipocritamente à luz das velas da ideologia: união de interesses políticos com os interesses económicos de oligarcas da marca Musk, George Soros, etc.

Imperialismos em Conflito: EUA versus Rússia

Essas revoluções evidenciam o embate entre dois blocos imperialistas: o americano e o russo, ambos criticáveis na sua essência. Enquanto os EUA utilizam meios como a imprensa e a economia para influenciar nações e grupos de oposições, a Rússia e sua aliança militar OVKS (Organização do Tratado de Segurança Coletiva) recorrem a uma estratégia militar direta para evitar desestabilizações na sua esfera de influência. Esse conflito (de um lado e do outro) não é sobre liberdade ou direitos, mas sobre poder e controle geopolítico.

De acordo com o presidente Vladimir Putin, a Rússia não permitirá “revoluções coloridas” em antigos estados soviéticos, como demonstrado durante os protestos no Cazaquistão em 2022. No entanto, o mesmo padrão de ingerência externa pode ser observado nas ações americanas no Oriente Médio (Líbia, Síria, Venezuela), onde interesses geopolíticos se sobrepõem aos direitos humanos.

Divisões Estratégicas e o Futuro da Europa

A guerra provocada na Ucrânia acentua uma divisão na Europa, impedindo-a de se posicionar como um bloco geoestratégico independente com interesses e prioridades próprias. Os EUA têm como objetivo enfraquecer tanto a Rússia como a coesão europeia, promovendo um cenário bipolar no qual o único rival de peso seria a China. A destruição do gasoduto Nord Stream, por exemplo, reflete a tentativa de isolar a Alemanha, fortalecendo aliados como Polónia e Reino Unido. Isso mantém a Europa economicamente fragmentada e dependente dos EUA.

Sem o comércio livre com Rússia e China, a Europa enfrenta não apenas restrições externas, mas também concorrência interna entre os próprios parceiros ocidentais, o que limita seu desenvolvimento conjunto e impede o surgir de um projecto verdadeiramente europeu. Economicamente a Europa ao vincular-se só ao núcleo americano perde a sua capacidade de afirmação no comércio internacional.

Manipulação Psicológica e Controle de Narrativas

A manutenção do poder no Ocidente não se dá apenas por meios económicos, mas também por controle psicológico das massas. A manipulação mediática, evidente tanto na cobertura da pandemia de COVID-19 quanto na guerra na Ucrânia, cria uma opinião única, moldada pelos interesses estratégicos ocidentais. Diferentemente dos regimes mais autoritários da Rússia e China, onde o controle é explícito, o Ocidente opera com uma aparência democrática, mascarando a influência dos grandes blocos económicos e mediáticos.

A luta entre EUA, Rússia e China reduz a História comum a um jogo de interesses imperialistas. Em vez de promoverem cooperação global, as grandes potências travam batalhas por influência, dividindo nações e debilitando economias; deste modo uma política honesta do bem-comum é desvirtuada em favor de elites e governantes que garantem a sua posição social e o seu nível económico à custa do engano do povo.

A Europa encontra-se aprisionada no conflito geopolítico, perdendo assim relevância global, contribuindo para um mundo que permanece refém de uma lógica de dominação que coloca o poder acima do progresso humano.

(crónica também publicada em Pegadas do Tempo)

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