MELISSA DA COSTA, Nº1 EM FRANÇA

Filha de emigrantes portugueses, a escritora que mais vende em França não está publicada em Portugal.

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Tem 34 anos e é a escritora que mais vende em França. Chama-se Melissa da Costa, filha de um pedreiro de Barcelos e de uma ama de crianças de Castelo Branco, emigrantes que se conheceram em França e lá constituíram família.

Sempre gostou de escrever. Encheu gavetas com papéis escritos, inícios de romances nunca terminados. Só depois de ter concluído os estudos, desempregada aos 25 anos de idade, Melissa escreve o seu primeiro romance: “Tout le bleu du Ciel” (Todo o Azul do Céu).

Deu o manuscrito a ler a amigos, publicou partes da história nas redes sociais. A reação foi positiva e um gestor de um site indicou-a à editora Carnets Nord. Foi o bastante para ter o livro publicado. Apesar das enormes vendas do livro, a editora faliu no mesmo ano. Mas os dados estavam lançados e já nada podia impedir Melissa de continuar a escrever.

O livro foi bem recebido pela crítica e ganhou vários prémios, incluindo o Alain-Fournier Prize, o Cezam Novel Prize, o Pocket Book Reader’s Prize e o Prêmio Literário do Livro Romântico em 2021.

Desde então, outros 7 romances foram publicados pelas edições de Albin Michel: “Les Lendemains” em 2020, “Je revenais des autres” em 2021, “Les Douleurs fantômes” em 2022, “La doublure”, “Les femmes du bout du Monde”, “La Faiseuse d’étoiles”, os últimos três em 2023 e “Tenir Débout” em 2024. Todos os livros também foram republicados na coleção Livre de Poche, exceto o último.

Em 2021, Mélissa da Costa é uma das 10 escritoras mais lidas em França. De acordo com o jornal Le Figaro, em 2022 ela foi a 3ª autora mais vendida na França. Em 2023, destronou Guillaume Musso do primeiro lugar.

O primeiro romance teve uma versão em banda desenhada e foi adaptado para um telefilme na TF1, do realizador Maurice Barthélémy. O livro “Mulheres no Fim do Mundo” está a ser adaptado para o cinema e será rodado por Emmanuel Bercault e Stéphane Gaillard na Nova Zelândia. Hoje, todos os seus livros têm uma versão audio que está disponibilizada na internet para invisuais.

algumas das versões audio dos livros de Melissa da Costa

Todos os livros somados, já ultrapassaram os 3 milhões de livros vendidos em França. Mas, de todos os leitores, há um por quem Melissa tem um carinho especial: o pai leu um livro pela primeira vez, o seu primeiro romance, e desde então tem sido um dos seus leitores mais fiéis.

Segundo o LusoJornal, onde lemos esta história pela primeira vez, Melissa da Costa acaba de doar 400.000 euros à UNICEF.

Melissa da Costa, LusoJornal, edição de 28 de dezembro de 2024

3 COMENTÁRIOS

  1. A história é de conto de fadas.
    Conjugaram-se factores importantes, certamente a qualidade um deles, embora não saibamos hoje senão dizer que há géneros que agradam a um público maioritário – a literatura romântica – e que a densidade de um romance histórico, ou de um policial, podem ser preteridos por exigirem mais tempo de descodificação.
    O outro factor foi a sorte de ser descoberta e encaminhada para lugar seguro por uma pessoa de bem. E falo em sorte porque ela também é necessária, ou não teriam morrido tantos escritores em condições de miséria e anonimato, só reconhecidos a título póstumo.
    Para já devemos saudar o êxito de uma escritora luso-descendente. É sempre um orgulho para os portugueses. E depois esperar o que virá.
    É jovem. A este ritmo bem pode ser uma vencedora de um Nobel de Literatura.
    Um abraço Zé.
    Bem hajas pela partilha desta bela história.

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