Os pequenos jornalistas

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Era ao cair da tarde. Um toque suave da campainha. Quem será a esta hora? Espreitei pela janela. Um rapazinho de saco na mão. Desci para saber o que era, de que estaria necessitado, nunca o tinha visto por ali.

            – Era para ver se queria comprar um jornal da minha escola.

            – E que escola é a tua?

            – O CAD!

            – e quanto custa?

            – Um euro.

            –  Espera que vou buscar dinheiro.

Comprei dois, enternecido pela candura e pela coragem do menino, de bater de porta em porta no bairro, a vender o jornalinho da sua escola.

Eu que sempre pugnei para que as escolas tivessem jornais e que em muitos desses escrevi como aluno e depois como professor…

Depois do jantar, li o que comprara. E fiquei encantado. Chama-se PubliCAD. CAD são as iniciais do Colégio Amor de Deus, de Cascais. Logo na pág. 2, a que seria da ficha técnica:

            PubliCAD # 3

            Edição: dezembro de 2024

            Equipa: Alunos do 7º ano

Seria, então, do 7º o pegulho que me visitara! Por certo, todos os do ano se comprometeram nessa tarefa de mostrarem o que haviam feito e que, pelos vistos, já estava auspiciosamente no nº 3.

O editorial vem assinado pela Irmã Natália Santos, em natural alusão ao Natal e ao seu significado.

Na pág. 4, o Prof. Pedro Mesquita explica como se gerou o logótipo e se criou o slogan. Foram premiados, respectivamente, a Matilde Patrícia do 9º A e a Lara Tomaz do 9º C. E, depois de mais uns textos alusivos à quadra natalícia, há outros assinados por professores, por ‘escritores’ e por ‘jornalistas’. Isto é, escritores e jornalistas em gérmen e bem orgulhosos do título que ostentam.

Escusado será dizer quanto esta experiência se manifesta enriquecedora para a comunidade escolar e, a partir dela, para toda a comunidade educativa, famílias incluídas, claro.

Ecologia (CAD’ECO), intervenção (CAD’OPINA), sugestões de leitura (CSAD’LER) e uma longa conversa com o pai de um aluno que é consultor de comunicação (CAD À CONVERSA) – constituem tema dalgumas destas 24 páginas em formato A4.

Ah! Falta dizer qual foi o excelente slogan escolhido para o jornalzinho:

Partilha histórias. Cria memórias.

Que mais se poderia querer?

Parabéns e voto de mui longa vida ao PubliCAD!

4 COMENTÁRIOS

  1. Boa noite José d’Encarnação. Que maravilha de crónica.
    Emotiva, enternecedora e ao mesmo tempo didáctica,
    Título, logótipo, slogan, só revelam inteligência e outra virtude muito importante: naquele colégio fomenta-se a criatividade e alargam-se horizontes cognitivos, desde logo quando a Irmã Natália Santos estende, ou sugere que se deva estender, o espírito de Natal ao ano todo.
    Jornalistas em miniatura com esta formação de base, devem poder formar um corpo unido para combater arbitrariedades futuras.
    Dois euros muito bem gastos. Essas 24 páginas de cada PubliCAD devem valer muito mais.
    Um abraço. Dias muito serenos.

  2. Bem hajas, querida Helena, pelo teu apoio.
    Há iniciativas que importa dar a conhecer e esta, inclusive pelas circunstâncias em que dela vim a ter conhecimento, é seguramente uma delas. Encantou-me.
    Beijinho, grato!

  3. O rapazinho que foi orgulhosamente e proativamente vender os jornais PubliCAD aqui na vizinhança da Pampilheira, foi o Luís Valdez. Um de tantos pequenos autores que fez uma peça jornalística nesta edição. Como sua mãe, já imensamente orgulhosa da sua costela empreendedora, fiquei ainda mais deliciada ao saber que a sua ação foi tão maravilhosamente reconhecida por este artigo. Obrigada pela divulgação desta linda história, e pela divulgação desta valiosa iniciativa CAD. Obrigada 🤩

  4. Olá, Catarina!
    Não reconheci o Luís. E fico, naturalmente, muito contente por não ter hesitado em dar a conhecer esta história exemplar.
    Um abraço para si e para o pequeno Luís, grande Homem!

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