Está instalado o caos provocado pelos resultados eleitorais renegados pela oposição. Depois de muitos protestos e repressão policial, a greve geral está a atingir o sétimo dia em clima de violência.
Há pelo menos um morto entre os manifestantes, baleado quando uma multidão atacou o posto fronteiriço com a África do Sul, em Ressano Garcia.

Ao longo dos últimos dias, dezenas de pessoas que protestavam contra o estado a que Moçambique chegou ficaram feridas devido à repressão policial.
Em Maputo, o cheiro a pneus queimados e o fumo estão por todo o lado, a polícia dispara cargas de gás lacrimogéneo e persegue os manifestantes, na tentativa de controlar os protestos.
Venâncio Mondlane, líder da oposição, está refugiado na África do Sul e é de lá que dirige os protestos que se espalharam por todo o país. A voz de Mondlane terá sido escutada e espera-se que dia 6 todos os protestos se dirijam para a capital, numa manifestação capaz de furar barreiras policiais e militares, em direção ao palácio presidencial.
Vive-se num ambiente de grande tensão. É voz corrente que mil soldados ruandeses e angolanos que estavam no norte, na região de Nampula, integrados numa força multinacional de combate ao terrorismo, foram deslocados para a capital e arredores.
Tudo isto porque os resultados anunciados pela CNE deram a vitória ao candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975), Daniel Chapo, com 70,67% dos votos, e um reforço da representação parlamentar do partido, resultados rejeitados pela oposição.
O atual maior partido da oposição, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) pediu a anulação da votação, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que apoiou o candidato presidencial Lutero Simango, recusou igualmente os resultados eleitorais, considerando que foram “forjados”, tendo-se associado à contestação cerca de 40 partidos de oposição, na maioria extraparlamentares.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português divulgou um comunicado onde alerta “para o período compreendido entre 31 de outubro e 07 de novembro, recomenda-se a tomada de medidas de precaução adequadas atendendo à possibilidade de constrangimentos no acesso a serviços e comércio. Recomenda-se, igualmente, que sejam devidamente ponderadas e preparadas eventuais deslocações”.