O projeto de acordo de livre comércio UE-Mercosul destina-se a incrementar as trocas comerciais entre a Europa e a América Latina, os agricultores franceses percebem que vão ser prejudicados. O Brasil é um dos membros do Mercosul que mais poderá beneficiar, uma vez que é um dos maiores produtores mundiais de produtos agrícolas. A perspetiva alarma o setor agrícola francês. Bruxelas diz que as importações de produtos agrícolas para a Europa serão em pequenas quantidades.
RETALHISTAS TAMBÉM PROTESTAM
“Para defender a soberania alimentar francesa”, o presidente do comité estratégico das lojas Leclerc estende a mão aos agricultores. “Uma aliança entre nós permite negociar melhor, a unidade é a força”, disse Michel-Edouard Leclerc na televisão BFMTV na manhã desta segunda-feira. Lamenta que as negociações do Mercosul decorram sem qualquer representante dos grandes retalhistas: “Não pediram a minha opinião sobre a capacidade ou não de travar as importações da América Latina.”
“Os nossos compradores nunca estiveram envolvidos no estabelecimento dos tratados europeus”, lamenta o representante das lojas Leclerc. Michel-Edouard Leclerc é um gestor empresarial, mas fala como um político: “peço aos políticos para que parem de nos dividir”. E diz que deverá ser obrigatório que os produtos importados exibem claramente o país de origem.
ESTRADAS BLOQUEADAS
O presidente da FNSEA, o principal sindicato dos agricultores, Arnaud Rousseau, assegurou que a mobilização tem como objetivo “enviar a mensagem de que a situação que a agricultura vive é uma situação de emergência, dramática”.
Até terça-feira, estão previstas 82 ações em toda a França, em particular em frente às câmaras municipais e em rotundas mais movimentadas. Os agricultores lembram que na sequência dos protestos de 2023 o governo fez promessas, mas que não as cumpriu.
O ministro do Interior, Bruno Retailleau, alertou os agricultores que haverá “tolerância zero” no caso de “bloqueio prolongado” das estradas. Ou seja, o governo francês admite cortes de circulação simbólicos, nada mais.
A SITUAÇÃO EM EM PORTUGAL
Em Portugal não há notícia de adesão de agricultores a este protesto. No site da TROCA – Plataforma por um Comércio Internacional Justo há um apelo ao protesto contra o acordo UE-Mercosul. Várias organizações da sociedade civil expressam a opinião sobre as “consequências nefastas deste acordo para a saúde, a justiça social, a agricultura familiar, as pequenas e médias empresas e, em geral, para os povos de ambos os lados do Atlântico e o Planeta.”