Chama-se Jordana Cutler e dizem dela que é uma mulher poderosa. Israelita, trabalha na META (Facebook, Messenger, Instagram) depois de ter estado vários anos na embaixada de Israel em Washington e ter sido assessora em campanhas eleitorais do partido Likud e do primeiro-ministro Netanyahu.
O que ela faz na META é simplesmente zelar pelos interesses do Estado nas redes sociais. Que se saiba, apenas os EUA têm também um representante no interior da META. A função destas pessoas é indicar à META quais os conteúdos que desagradam aos seus Estados, bloqueá-los, banir os editores desses conteúdos, censurar de modo a condicionar a opinião pública.
A própria Jordana Cutler não esconde o que faz, em várias entrevistas sobre seu trabalho já afirmou expressamente que atua como ligação entre a META e o governo israelita.
Numa dessas entrevistas, ela explica bem qual o seu papel: “Trabalhamos em estreita colaboração com os departamentos cibernéticos do governo e com elementos do exército e do Shin Bet (serviços secretos). Falo com eles o tempo todo para ter certeza do que precisamos fazer. Eles pedem todo o tipo de informações.”
Ou seja, através desta senhora, a META sabe o que incomoda Israel e o que deve fazer para evitar esses incómodos e, ainda, fornece ao exército e aos serviços secretos israelitas informações sobre os utentes e clientes das redes sociais.
“Os nossos Padrões da Comunidade aplicam-se a todo o conteúdo do Facebook. Pode ser uma postagem, uma mensagem e até mesmo uma mensagem no Messenger e qualquer um deles pode ser denunciado e bloqueado.”
Há uma entrevista no YouTube do jornal Jerusalem Post que é interessante de seguir. Ficamos a perceber como o trabalho desta mulher é importante para a segurança do Estado israelita e como esse tipo de interesses são bem acolhidos pela META. Às tantas, Jordana Cutler diz que “eu tenho uma oportunidade de realmente influenciar a forma como a META faz as coisas.” Na mesma entrevista, Jordana Cutler também diz que muitos outros países têm representantes seus dentro da META, mas a informação que pudemos recolher desmente essa afirmação.
Claro que a META não tem ninguém que faça o contraponto aos interesses israelitas. Não há nenhum palestiniano ali a desempenhar funções idênticas. Não estamos a falar de equidistâncias ou neutralidades. Estamos a falar de um Estado genocida que é protegido e de um povo ameaçado de extinção que não tem quem o defenda.
O CASO DO TELEGRAM
Jordana Cutler não é a única neste ramo profissional. É sabido que muitos dos funcionários que ajudam a META a elaborar e aplicar a política de Organizações e Indivíduos Perigosos entram na empresa após anos de trabalho no Pentágono, no Departamento de Estado do governo dos EUA, nas forças de segurança federais e nas agências de espionagem norte-americanas ou inglesas. A porta giratória entre a espionagem e as principais empresas de internet está sempre em movimento, não apenas na META, mas também nas outras empresas globais de comunicação. Salvava-se o Telegram, mas todos sabemos já o que aconteceu, certo?
O dono da rede Telegram foi detido sob acusações falsas e libertado depois de aceitar que as agências de espionagem ocidentais pudessem montar os seus “escritórios” no interior do Telegram.