VOLKSWAGEN, a economia europeia sofre

A fabricante de automóveis alemã Volkswagen nasceu com a II Guerra Mundial e arrisca-se a morrer na guerra da Ucrânia.

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A marca alemã é uma das vítimas da política de sanções ocidentais contra a Rússia e a China, mas é apenas um exemplo do que se passa hoje com as empresas que durante décadas investiram na Rússia e na China e, agora, estão a ser obrigadas a se reestruturarem face às novas circunstâncias.

A Volkswagen iniciou a sua atividade em 1937 e foi um dos pilares industriais da Alemanha nazi. Gabava-se de nunca ter despedido um funcionário alemão, mas está a fazer contas à vida e, sobre os operários, paira agora a ameaça do encerramentos de fábricas inteiras.

Não é apenas o “assalto” das marcas de carros chineses ao mercado europeu, mas é principalmente o aumento dos fatores de produção, desde que rebentaram com o gasoduto Nord Stream que levava gás da Rússia para a Alemanha. Era energia barata para toda a indústria alemã, mas acabou.

As sanções contra a Rússia obrigaram a Volkswagen a abandonar o mercado russo que em 2022 era o principal consumidor de veículos alemães na Europa. Ao mesmo tempo, a empresa abandonou também a fábrica que tinha em Kaluga, na Rússia.  

Quando a Volkswagen foi forçada a sair do mercado russo, não perdeu apenas uma fábrica, perdeu 3 mil operários e uma rede de outras empresas criadas a partir da empresa mãe e respetivos circuitos comerciais: Audi Russia, Škoda Group Russia, Scania Russia e Volkswagen Commercial Vehicles Russia.

A verdade é que, hoje, este complexo industrial automóvel está a trabalhar, sob gestão de empresários russos, e a produção já igualou os níveis pré-guerra de 2022.

A isto acresce o cenário chinês. A China era o maior mercado de veículos Volkswagen, já deixou de ser. Em 2021, a empresa alemã vendeu cerca de 2 milhões de automóveis na China. Em 2023, verificou que tinha perdido 25% desse mercado, tendo sido ultrapassada pela BYD, um fabricante de EV. A imposição de elevadas barreiras alfandegárias à importação de EV chineses também não ajuda a melhorar a situação das empresas que deslocalizaram unidades de produção e investiram na China. A retaliação chinesa será dolorosa.

O tempo passa e o desastre agrava-se. Já este ano, no primeiro semestre, a quota de vendas de automóveis de construtores estrangeiros na China desceu para 33%, segundo dados da Associação de Automóveis de Passageiros da China (CPCA). E ao mesmo tempo que as marcas chinesas conseguem manter preços baixos de venda ao público, as marcas estrangeiras (principalmente europeias) têm tido agravamento dos custos de produção e a consequente diminuição dos lucros, com alguns dos fabricantes a registar prejuízos, como é o caso dos japoneses da Toyota ou da Mitsubishi e dos norte-americanos da General Motors.

E pensar que tudo começou devagarinho em 2014 quando na Ucrânia começaram a bombardear as regiões separatistas do Donbass.

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