Os dois condenados são ex-editores do jornal Stand News. Esta sentença estabelece um “precedente perigoso” para a liberdade de imprensa em Hong Kong, território governado pela China. O jornal Stand News já não existe. O Governo de Hong Kong decretou o seu encerramento compulsivo em 2021.
O tribunal acusou o ex-editor-chefe Chung Pui-kuen e o antigo editor-chefe interino Patrick Lam de aprovarem a publicação de 11 artigos “sediciosos” que “pretendiam levar ao ódio” contra as autoridades centrais chinesas e o Governo de Hong Kong. O termo sedição significa “revolta” ou “motim”, “sublevação”, ideias desalinhadas com a ordem pública que a ditadura chinesa não admite.
Chung e Lam estão em liberdade sob fiança, não se podem ausentar de Hong Kong, irão escutar a sentença no próximo dia 26 deste mês. O que os espera são dois anos de prisão, segundo diz a organização Hong Kong Free Press.
Num depoimento escrito, lido em tribunal, Lam escreveu que a sua equipa de jornalistas do Stand News apenas fez jornalismo independente de interesses políticos e comerciais. Na carta diz que assumiram o compromisso de “falar pelos impotentes, marginalizados e minorias”, mesmo diante de “condenações e ataques”.
“Isto porque acreditamos na liberdade de imprensa e na liberdade de expressão, e só a liberdade de divulgar ideias pode proteger a liberdade de todos.”
Entre os 11 artigos publicados pelo jornal que serviram para condenar os jornalistas, estão denúncias de casos de corrupção que indiciam alguns membros do Governo de Hong Kong.
A organização Repórteres Sem Fronteiras diz que este caso é “terrível” porque “estabelece um precedente muito perigoso para os jornalistas”.
“A partir de agora, qualquer pessoa que reporte fatos que não estejam de acordo com a narrativa oficial das autoridades pode ser condenada por sedição”, escreveu Cédric Alviani, diretor do escritório Ásia-Pacífico da organização, em um comunicado.
A Amnistia Internacional diz que a condenação dos jornalistas é “mais um prego no caixão para a liberdade de imprensa em Hong Kong”.