SAMARCANDA

Quando a vida te dá limões e te obriga a parar, lê!

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Samarcanda de Amin Malouf levou-me numa fascinante viagem por um dos territórios do meu imaginário, pelas minhas obsessões orientais: a Pérsia e a sua verdadeira essência, onde os apelos à oração ressoam do alto dos minaretes e onde tantas bandeiras brancas de derrota são içadas.

Não será um livro para quem não gostar de babuchas nos pés, para quem não apreciar obsessivamente tudo o que é feito com romãs, para quem não sentir o apelo da revolta por algumas tradições seculares.

É sobretudo um livro para quem quiser descortinar a subtileza do Oriente e conhecer Omar Khayyam, o grande poeta.

Dividido em quatro partes: Poetas e Amantes; O paraíso dos Assassinos; O fim do milénio e Um poeta ao mar, este romance é o itinerário melancólico de quem vive entre dois mundos, igualmente prometedores, igualmente decepcionantes, onde a solução dos problemas da Pérsia é um dos fios condutores da ação vista pelos olhos de um “estrangeiro”, narrador simultaneamente amargo e irónico.

Samarcanda liga o Oriente ao ao Ocidente e mostra que quando regressamos da Pérsia trazemos sempre connosco, no fundo do olhar, uma aventura, uma mágoa, um desafio… Todos andamos demasiado apressados e impacientes de chegar a todo o custo ao fim do caminho. E todos transportamos o sonho de vivermos no Ocidente ao ritmo do Oriente.

Samarcanda deixa-nos uma mensagem: “A única coisa importante é não desprezar a tragédia dos outros.”

Repleto de passagens apaixonantes onde a viagem, o amor e a inquietude estão sempre presentes. Samarcanda é um livro onde se pode ler a aflição do Oriente, um romance onde nenhuma causa é justa quando se alia à morte.

Através deste livro é possível um verdadeiro viajante sonhar que se encontra a viajar: “Amei-te desde Constantinopla…”

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