Surgiu nas redes sociais guineenses, como fogo na palha. Um jacto privado aterrou em Bissau carregado com droga, mas a viagem do avião estava a ser controlada pela DEA norte-americana em conjunto com a Polícia Judiciária guineense.
Tudo indica que se trata de um grupo de traficantes com ligações a dirigentes políticos da Guiné-Bissau, dado o modo como a operação terá sido delineada. “Primeiro criam instabilidade política, depois fazem estas operações de tráfico aproveitando a confusão do momento”, dizem-nos fontes em Bissau.
O que as imagens revelam é o aparente à vontade com que os traficantes atuaram, uma vez que a droga nem sequer foi dissimulada. A carga ocupava todo o espaço da cabine e vinha “sentada” nos bancos dos passageiros. Isto poderá significar que os traficantes não estariam à espera de que a polícia quisesse sequer olhar para dentro do avião.
O avião está retido e a tripulação sob custódia policial, enquanto decorrem as averiguações. O pouco que se sabe é que se trata de um grande carregamento de droga proveniente da Colômbia.
O Presidente Umaro Sissoco Embaló está fora do país, numa visita de Estado ao Vietname, mas está a acompanhar a par e passo a evolução dos acontecimentos, segundo fonte próxima da Presidência em Bissau.
BISSAU É ENTREPOSTO
A droga que chega a Bissau não é para consumo interno, destina-se ao mercado europeu e, alguma, irá para a África do Sul. As polícias europeias e norte-americanas conhecem há muito os percursos delineados pela chamada “Portuguese Conexion”, rotas que partem da América Latina e que têm bases logísticas em vários países africanos de língua portuguesa. A entrada da droga na Europa faz-se, em boa parte, pela fronteira portuguesa.
É assim que a Polícia Judiciária portuguesa tem especial atenção às movimentações dos traficantes, tanto em Bissau ou na Cidade da Praia, como em Portugal. As detenções e apreensões têm sido frequentes. Lembramos o caso, recente, de um deputado guineense, Manuel Irénio Nascimento Lopes, que foi detetado com 13 quilos de cocaína dissimulados na bagagem após um voo da transportadora aérea portuguesa TAP proveniente de Bissau, ou o caso do procurador Eduardo Mancanha detido “em flagrante delito” na posse de dois quilogramas de droga também no Aeroporto de Lisboa.