No passado dia 15 de março, o embaixador dos EUA na Guiné-Bissau fez declarações que relacionam o combate ao tráfico de droga com a instabilidade que o país vive. Depois de uma visita ao Ministério do Interior, o embaixador Michael A. Raynor relatou resumidamente o teor da conversa com o ministro Botche Candé.
O embaixador americano foi recebido pelo Presidente Umaro Sissoco Embalo. Depois desta audiência não houve declarações à imprensa. A presidência da Guiné-Bissau fez saber que a reunião serviu para debater o reforço da cooperação entre os dois países, com destaque para a confirmação da reabertura da Embaixada dos Estados Unidos em Bissau.
TRAFICANTES QUEREM CONTROLAR POLÍTICOS
Com o embaixador, chegaram também a Bissau responsáveis pela DEA, o corpo policial do Governo norte-americano especializado no combate ao tráfico de narcóticos. A DEA divide responsabilidades com o FBI e é o único órgão dos Estados Unidos encarregado de investigações de controlo do narcotráfico no exterior.
Segundo uma fonte da Polícia Judiciária guineense, há suspeitas de que um ou mais cartéis de droga estejam a tentar controlar políticos da oposição, quando se prevê que haja eleições ainda este ano.
Segundo esta fonte policial, está a ser investigado a origem do dinheiro que serviu para pagar contas avultadas da atividade de alguns dirigentes de partidos como o MADEM-G15, PRS e APU-PDGB.
Em causa estarão despesas no luxuoso Hotel Halla, pagas por um líder do PRS, e os cerca de 25 milhões CFA (38 mil €) que foram necessários para o pagamento da renda da antiga sede do PRS.
Os americanos parecem estar atentos ao que se passa em Bissau. A cooperação bilateral dos EUA depende muito do empenho em setores a que os americanos dão especial atenção, o tráfico de droga é um deles. A hipótese de haver agentes políticos, seja em que país for, a serem patrocinados por cartéis de droga faz acender os alarmes em Washington.
Relacionado com tudo isto, a Guiné-Bissau reforçou os meios operacionais de vigilância marítima, com mais três lanchas rápidas construídas na Turquia. Os navios foram entregues à Marinha de Guerra guineense, numa cerimónia presidida por Umaro Sissoco Embalo.